Escrevi no último número que era muito raro termos uma concepção processual de crise, de um condensado de factores que, em trajectória permanente, pode assumir esta ou aquela manifestação, esta ou aquela maneira de ser, em processo permanente de bifurcação, podendo gerar esta ou aquela consequência. Afirmei que a esse condensado, em movimento mas invisível no geral, dávamos, explicita ou implicitamente, o nome de normalidade.
A anormalidade, essa estava e está associada a algo imediato, intempestivo, a algo ocorrido subitamente. À repentinidade chamamos anormalidade.
Creio que essa é uma razão imperativa para compreendermos a importância que demos e damos à violência em si das manifestações de 1/3 deste mês, à formulação do caos como algo gerado em si num momento muito preciso. Por outras palavras, pomos de lado o conjunto de violências diárias, cumulativas, normais, de todo um processo multidimensional que, um dia, desemboca no que consideramos ser a violência primordial, a violência única.
Prosseguirei o tema na série Causas e características das manifestações em Maputo e Matola.
(fim)
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