Outros elos pessoais

07 setembro 2010

Empreendedores da moral política engraxadora

Face às manifestações populares, o Estado moçambicano acabou de tomar uma medida tardia, mas importante: decidiu evitar a subida dos preços e conter outras despesas. Deve, por isso, ser felicitado.
Porém, pessoas desse Estado, mas, também, fora desse Estado, multiplicaram-se nos últimos dias - tal como aconteceu em 2008 - em declarações afirmando que, face às manifestações populares (segundo sismo social do país, lembram-se dessa expressão minha de 2008), estávamos perante um grupo de malfeitores, de criminosos, de oportunistas (recorde a minha carta ao presidente da República, aqui). Houve mesmo quem tivesse criado tenebrosas teorias conspiratórias.
As medidas agora tomadas pelo Estado foram no sentido de responder aos anseios populares, não para responder a malfeitores. É um acto de manifesta má fé pretender o contrário.
Este não é apenas o momento de pensarmos nas medidas tomadas, mas, também, de pensarmos na actividade dos zelosos empreendedores da moral política engraxadora que, sistematicamente, pelos mais variados meios, aos mais variados níveis, tentam escamotear e falsificar certas realidades do país, atacam os críticos honestos e classificam o Povo de criança irresponsável e malfeitora.
Adenda às 21:03: falta ainda refectir sobre os mortos e os feridos.

5 comentários:

  1. O Governo deve, a partir de agora, procurar saber quem mandou matar 13 pessoas. A LDH deve tambem agir para que isto nao termine assim.
    Sim, se isso nao ocorrer sera tomado como normal a policia matar pessoas e nada acontecer. Foi assim em Montepuez (asfixiamento), foi assim nas manifestacoes de 5 de Fevereiro de 2008 e foi assim nestas manifestacoes de 1-3 de Setembro de 2010.
    O PR jurou garantir a Constituicao da Republica. E la esta escrito que nao existe pena de morte em Mocambique.

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  2. Já comecei a receber e-mails com conteúdos sarcásticos a dizer que a Frelimo quis sondar a opinião pública lançando no dizer desses e-mails as manifestações!!!

    Discordo completamente com estas pessoas.

    O Torre coloca uma questão importante. Quem vai repor a vida dos mortos. Qual é a responsabilidade do Governo nestas manifestações? Há ou não há demissão do senhor Pacheco?

    Zicomo

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  3. Precisamente, Professor. Os aduladores de serviços estão já na TV a gritar "hossanas" à clarividência governamental.

    Todos outros podres estão a ser enfiados no saco.

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  4. Para mim, isso tudo vai ficar 'em águas de bacalhau', duvido que aconteça algo aos culpados.
    O que interessa quantos morreram?
    Ministro exonerado ou demitido???
    Isso acontece em Moçambique???
    Ficaria muito orgulhosa se isso fosse verdade.
    Isto só demonstra o governo que temos.
    Ninguém nos ouve, de repente, todo o mundo ficou surdo.
    Maria Helena

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  5. As medidas são bem vindas e vão no sentido de uma reparticção do orçamento do Estado mais justa: menos para os providos de modo a ajudar os mais pobres.

    o problema é que serão aplicadas até Dezembro apenas, sob pretexto de não ser sustentáveis... O estado não deveria raciocinar como uma empresa. os subsídios em favor dos mais pobres são indispensáveis e cabe ao Governo encontrar fundos para o efeito. caso contrário, essas medidas têm apenas o objectivo de acalmar os espíritos.

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