"Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertolt Brecht).
"Esta cintura compacta, composta por casas pequenas e frágeis, feitas de caniço, madeira e zinco e, ultimamente (depois da independência), de cimento, quase que não tem quintais, ruas, água e luz em todo o sítio (...) Nestes subúrbios não se vive, sobrevive-se. Eles estão apinhados de gente: os suburbanos." (carta de um leitor do “Notícias” publicada a 25/09/2010 com o título “A cidade e o mega-subúrbio de Maputo”)
Avanço na série e nas hipóteses, continuando com a apresentação de algumas das características da revolta de 1/3 deste mês:
10. Ataque a estabelecimentos comerciais de estrangeiros. Dezenas de estabelecimentos comerciais (designadamente contentores) de estrangeiros africanos foram atacados e saqueados. Uma parte significativa do comércio a retalho (e mesmo a grosso) nos subúrbios está a cargo de Nigerianos ou - termo usado genericamente - "Burundeses". O saque assentou em comida e bebida, tendo a roupa sido aparentemente poupada. Entretanto, há indicadores de que parte do saque foi devolvida pelos saqueadores por temerem represálias mágicas dos lesados. Finalmente, acrescentar que importa pesquisar sobre se o ataque teve uma natureza xenófoba imediata (foto reproduzida daqui).
Prossigo proximamente.
(continua)
Observação: sobre os estrangeiros acima mencionados, sugiro leia o meu recente livro com o título A construção social do Outro.
Adenda às 7:34: sugiro a leitura de um texto do antropólogo Paulo Granjo sobre o fenómeno acima reportado, aqui.
Adenda às 7:34: sugiro a leitura de um texto do antropólogo Paulo Granjo sobre o fenómeno acima reportado, aqui.
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