Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
07 setembro 2010
Causas e características das manifestações em Maputo e Matola (1)
7 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.

Sobre a suposta pacificidade típica dos Moçambicanos:
ResponderEliminarOntém à noite estava numa festa em casa de uns amigos e veio uma conversa sobre ladrões. Alguém dizia que nessa manhã a mulher não tinha conseguido ligar o carro e que quando foram ver qual era o problema descobriram que a bateria tinha sido roubada.
A história continua com uma situação anterior onde um ladrão tinha sido apanhado em flagrante a desmontar o pneu sobressalente de um carro. O segurança, armado (contado com o detalhe que apontou a arma ao pescoço do ladrão enquanto este calmamente desaparafusava o pneu), apanhou-o, algemou-o e foi chamar o narrador (subentende-se que outros mais).
Este ladrão é então algemado a grades e o narrador e outros, "dão-lhe porrada". De seguida levaram o ladrão à polícia que lhes disse que uma vez que eles tinham batido no ladrão tinham de levá-lo primeiro ao hospital (e pagar a conta) e que só depois o podiam trazer à polícia.
O narrador ficou muito insatisfeito com esta resposta da polícia. Diz, então nós apanhámos o ladrão em flagrante e a polícia recusa-se a prendê-lo? O próximo ladrão que eu apanhar vai-se ver comigo. Eu vou buscar um martelo e vou lhe partir todos os dedos das mãos e dos pés (isto foi dito de uma maneira bastante mais gráfica do que estou a relatar).
Estas são pessoas "bem". Jovens, que estudaram em escolas privadas toda a vida, que estudaram fora, que voltaram e tinham emprego à espera. Estas pessoas sempre tiveram e continuam a ter uma vida decente e boa.
E no entanto são tão extremamente violentas que acham que um ladrão de pneus e baterias merece ficar com 20 dedos partidos. Não sei se alguma vez teriam coragem, mas fantasiam partir 20 dedos a uma pessoa só porque esta lhes roubou um pneu ou bateria.
Esta é a sociedade em que nós vivemos. Nem todos nós somos violentos, mas todos vivemos numa sociedade extremamente violenta onde a violência já se tornou banal.
Tendo isto em conta é de se esperar que qualquer manifestação feita por membros desta sociedade tenha o seu lado extremamente violento - a vida aqui é violenta - acordem!
"E no entanto são tão extremamente violentas que acham que um ladrão de pneus e baterias merece ficar com 20 dedos partidos. Não sei se alguma vez teriam coragem, mas fantasiam partir 20 dedos a uma pessoa só porque esta lhes roubou um pneu ou bateria." - penso nesta sua frase. A propósito, já leu de Honward Becker o livro "Outsiders. Estudos de sociologia do desvio"? Creio que o vou usar na continuidade da série.
ResponderEliminarAlgo para mim é estranhamente interessante na análise sobre as estas manifestacões. As mortes e a violência da polícia é menos enfatizada. Em muitos textos mesmo que repudiando a atitude do governo ou a violência por parte dos manifestantes a questão das mortes é secundária. Porquê será? Será que muitos acham que não havia como evitá-las ainda que dos mortos se trata de algumas criancas?
ResponderEliminar@ Carlos Serra,
ResponderEliminarAinda não li esse livro, nem sequer sabia que existia. Se houver em Maputo hei-de comprar.
Fará bem, verificará a minha analítica que ele é. Em Maputo não deve haver, mas pode pedir à livraria junto à antiga Fnac para o mandar vir.
ResponderEliminarReflectindo, Marx explica na sua Luta de Classes. Estude-a e obtera as respostas que deseja.
ResponderEliminarAfinal, os livros dele ainda sao bastante uteis nestes casos.
Obrigado Ricardo, vou lá procurando a resposta das minhas perguntas.
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