Outros elos pessoais

22 maio 2010

Vigiar e punir

O jornal "O País" apresenta um trabalho intitulado Julgamento do "suposto casamento de Dhlakama", aqui. Não é a história aí descrita que me interessa, a criminalização do jornalista Vasco da Gama no processo "409/2010", mas a linguagem, a estrutura narrativa que avisa e antecipa, simbolicamente, a punição, o castigo. Extracto exemplar para uma semiótica do vigiar e punir: "Por seu turno, o Ministério Público terá afirmado que, para além do crime de difamação e calúnia, Vasco da Gama deve ser acusado também de crime contra a Segurança do Estado pelo facto de Afonso Dhlakama ser membro do Conselho do Estado e Lúcia Afate deputada da Assembleia da República. O Ministério Público pediu, igualmente, que o réu fosse exemplarmente punido como forma de disciplinar a classe jornalística."
Tenho para mim que valerá sempre a pena recordar a obra de Michel Foucault e, em particular, o seu extraordinário Vigiar e punir, conferível na íntegra aqui.

2 comentários:

  1. Visto, passa.

    Zicomo

    ResponderEliminar
  2. 1. Este julgamento não é diferente ao do mecânico de Muecate. Talvez a questão seja de Dhlakama e Afate não terem muito a perder...

    2. A atitude do Ministério Público não difere daquela em que o jornalista Fernando Veloso foi sujeito, por escrever artigos sobre Luísa Diogo...

    3. A maneira como o Tribunal de Nampula procedeu o julgamento merece uma análise crítica nossa. Desconfio que se Afate e Dhlakama fossem da Frelimo muitos teriam criticado a postura do tribunal de Nampula. Não acho correcto, porque assim estamos a ser parciais demais...

    4. Quando o Ministério Público evoca ser crime contra Seguranca do Estado, porque Dhlakama é membro do Conselho de Estado e Afate deputada, julgo abrir-se aqui uma razão para falarmos da postura de membros do Conselho de Estado e deputados. Quero acreditar que não está se sugerir que a gente tem que afastar-se para longe se vir membros do Conselho de Estado e deputados com amantes, bêbados sem controle...

    5. E se olharmos pela composicão do Conselho de Estado e relacionarmo-la com episódios do ano passado, em que ficaremos?

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.