Outros elos pessoais

06 abril 2010

Três na AR (5)

Mais um pouco desta série.
Vozes do MDM publicitaram o apoio ao programa governamental da Frelimo. Mas quando chegou a hora da decisão final na Assembleia da República, os oito deputados do MDM abstiveram-se, reassumindo, assim, um dos percursos clássicos dos partidos da oposição.
Herdeiros de momentos difíceis, de perda de legitimidade, os deputados da Renamo continuam, porém, a trilhar o mais clássico percurso da oposição: nunca estão de acordo com o partido no poder (salvo, claro, quando está em discussão a melhoria das condições de vida dos deputados).
Mas, agora, surgiu na mente do seu líder uma suspeita: a de que o MDM está conluiado com a Frelimo. Mais: Afonso Dhlakama entende que Deviz Simango tem um “cadastro criminal sujo”, dando, desse modo, um aval ao seu inimigo no poder, a Frelimo. Para Afonso Dhlakama, os problemas sempre estão com os outros, nunca consigo ou com o seu partido. Glorioso e autista em sua solidão, descobriu que neste país apenas ele tem a verdade.
Assim, na Assembleia da República, o partido no poder não gere apenas a maioria qualificada, mas, também, a desunião de dois partidos da oposição.
(continua)
Pergunta: podem os leitores opinar?

14 comentários:

  1. Eu acompanhei a sessão de palamento no dia de ontem. Eu penso que o que aconteceu foi o segunte:

    A Presidente da AR pediu que as três bancadas votassem na generalidade a proposta do PQG mas os deputados do MDM acharam que se tratava da votação na especialidade, o que os levou ao erro. Pensando que a primeira votação era na especialidade, os deputados do MDM absteram-se, facto que levou o Deputado Lutero Simango a pedir esclarecimentos a Presidente, algo que levou cerca de 5 minutos. A intenção do MDM era de aprovar a proposta na generalidade, e por conta de falta de atenção acabaram por abster-se.

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  2. Dhlakama sempre Dhlakama.......
    Nunca mais vai a tempo de mudar o seu comportamento e seu tipo de politica......
    Forca MDM
    Um abraco

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  3. Queface,

    Valeu pelo esclarecimento.

    Cá, em Portugal, nos casos semelhantes, uma abstenção favorece sempre ao voto a favor ou contra, dependendo do caso. Neste caso, julgo eu, a abstenção favoreceu ao partido Frelimo. E fê-lo bem o MDM, porquanto um voto contra, mesmo que em termos práticos, sem grande expressão, colocaria o MDM no lamaçal onde se encontra a Renamo.

    Esteve bem o MDM, o plano quinquenal de qualquer governo é uma coisa sagrada, que tem a ver com a vida dos moçambicanos. Deixar cair em terra um plano desses, não só caia o governo, como também o caos iria se instalar no país. Aleluia.

    É preciso pensar. Pensar pelo povo e pensar pelos interesses nacionais. Pensar a favor do povo é coisa que custa a muita gente, principalmente aqueles que decidem pela melhoria da vida dos moçambicanos e do país em geral.

    Quanto ao Dhalakama, está tudo dito. É tempo de cuidar dos netos e contar estórias, e histórias que, verdade seja dita, ele também ajudou a construir.

    Zicomo

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  4. Bom dia.
    Nossa, gostei muito daqui. Vou dar uma explorada com calma.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja uma boa semana para você.
    Saudações Educacionais !

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  5. Tomas,

    O MDM absteve-se, e esta certo abster-se. Quando acham que tem que abster-se, devem abster-se. Esta certo.

    Nao foi porque estavam distraidos, talvez o Tomas distraiu-se a ouvir...

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  6. Professor Serra, este último parágrafo do seu post é interessante:
    "Assim, na Assembleia da República, o partido no poder não gere apenas a maioria qualificada, mas, também, a desunião de dois partidos da oposição".

    Está claramente dito...a Frelimo tem um mandato em que vai ter que servir de "mano mais velho" à oposição. Ou seja, terá que gerir a desunião entre renamo e mdm.

    Ismael Mussa já assumiu aqui neste blog que o mdm faz política "à maneira do futebol" quando falavamos sobre a entrada em alta de Boavida na CP do mdm.
    Agora foi esta tática do "dito por não dito" quanto ao PQG, ... uma clara recorrencia aos métodos de Dhlakama.

    Deixemos a política para os políticos e futebois para os desportistas...

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  7. Caro Tomás,

    Na prática foi isso que acompanhaste, mas no fundo, os deputados do MDM respeitaram a opinião pública.
    Para mim, essa foi uma postura excelente.
    A questão para muitos não era de aprovar ou reprovar o PQG, mas que tinha que ser claro que a decisão era ao interesse dos mocambicanos e não um negócio em benefício de uns. O artigo do CanalMoz é muito claro.
    Portanto, tal igual exigimos do governo da Frelimo abertura e transparência, temos também que exigir dos partidos da oposicão.

    Um abraco

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  8. Achei excelente a postura do MDM ao abster-se; penso que desta forma, ganhou o respeito e a simpatia dos seus simpatizantes e membros.
    O papel dos partidos da oposicao também é o de zelar pelos interesses de TODO o povo, só assim se pode contruir um Moçambique para TODOS.
    Maria Helena

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  9. Nao foi erro Sr Queface..."A mudança de posição, segundo Lutero Simango, esteve relacionada com o facto de a resolução que aprovou a proposta do plano quinquenal ter excluído as recomendações das comissões especializadas, bem como dos deputados durante o debate. “A resolução primou pela exclusão”, disse Lutero Simango.
    http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/1001686

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  10. Desculpa Tomas,

    Ouviu bem. Estava atento, esta trabalhar com ouvido pra Patria. Muito Bom.

    Desculpa, eu 'e que distrai um pouco.

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  11. A oposicao e aquilo que e por conta de dois tipos de pessoas: os inexperientes e os ambiciosos.

    Mas o MDM corrigiu a sua rota, abstendo-se na votacao do PQG. Mas de agora em diante, devera capitalizar ainda mais o "momento doadores" ou entao ira, como tem sempre sido em Mocambique, devolver a iniciativa de jogo ao adversario.

    E agora ou nunca.

    E que nao se auto-console com a conversa da fiscalizacao. Deve e continuar a pressionar na FONTE. Ai sim, e onde esta o foco principal do seu plano politico.

    E ha uma coisa que o MDM deve saber. Dois programas politicos podem ate ser iguais. Mas o modo como se implementam, tem de ser necessariamente diferentes. O que e prioritario para uns, nao o sera para os outros. Esse e que e o verdadeiro munus da politica.

    Dhalakama e um nado politico morto. De vez em quando ressuscita, como os zombies...

    Ainda vai a tempo de preparar a sua sucessao.

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  12. Ricardo

    Excelente contribuicão esta para ser capitaliza pelo MDM.

    1) Continuar a pressinar a FONTE e aí o MDM será muito útil para a maioria dos mocambicanos, incluindo muitos membros e simpatizantes da Frelimo - o meu ponto de vista. Fazendo isto também aliviará em parte a Comunidade internacional. Acredito que o MDM pode contar com o Povo, a Sociedade Civil desde que faca coisas certas em benefício do Povo.

    2) O MDM tem que procurar demonstrar a razão de ser a alternativa governativa, precisamente pela diferenca na implementacão do programa igual ao do governo do dia - outro meu ponto de vista.

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  13. Eu ja não compreendo essa oposição, o Ismael Mussá, Secretário-Geral do MDM, não disse que ia votar afavor do PQG porque incluia aspecto constantes do manifesto do MDM? Falou aqui da construção de milhares de casas, de que o PQG tinha sido avaliado por um grupo de especialista estranhos ao MDM, etc etc etc.

    Coerencia precisa-se

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  14. Meu caro Anonimo, o que voce deveria ter dito era: "Eu nao entendo o que Ismael Mussa diz...". Porque so ELE, e apenas ELE e responsavel pela confusao que se instalou.

    Mas coerencia precisa-se e muito. Espero que desta feita ela se instale no MDM.

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