Outros elos pessoais

16 fevereiro 2010

Televisão e poder simbólico (6)

"São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar" (Niccolo Maquiavel)
Mais um pouco da série.

Os noticiários surgem regra geral como produto neutro, como a fotografia real, imediata, exacta, do que acontece no país e no mundo. Porém, se quisermos sair da sedução em que nos envolve o ar sério do (a) locutor (a), teremos que ter em conta dois fenómenos imbricados: 1) o noticiário não existe em si, ele é produto de uma seleção socialmente determinada, de um prisma, de um ângulo político e politizado de visão; (2) no preciso momento em que é notícia, evento, comezinho ou fantástico, alegre ou triste, o noticiário cria a distância, dá-nos, domesticado, triturado, como que pronto-a-servir, o mundo em toda a sua dramaticidade e complexidade, distrai-nos, aproxima-nos afastando,transforma o social em espectáculo, em soporífero. O fait divers, tão frequente na nossa televisão, faz parecer geral o particular, corrente o singular. Sentimos sem sentir, choramos sem chorar, pensamos sem pensar.
(continua)
Pergunta: os leitores concordam, discordam desta análise?

6 comentários:

  1. Concordo plenamente com a análise apresentada no post deste episódio.
    Mais: subscrevo-a!

    Cumprimentos

    César Ramos

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  2. A televisão e outros meios de comunicação de massa, também são reprodutores e difusores da ideologia. Acho significativo a abordagem destas duas séries em conjunto.
    Professor, permita-me recordar o meu professor de matemática que havia elaborado fichas de apoio a que ele chamava "tirando o véu a matemática".
    Em analogia a sua forma de dar aulas em público e gratuítas, transformando a net em praça pública ateniense e o blog em ágora é, para mim, uma das mais belas formas de democratizar o conhecimento ao mesmo tempo em que está "tirando o veu a sociologia", contribui para o despertar da consciência do cidadão e transforma a sociedade numa "sociolgia achada na rua", pois ela é construida e interpretada através das instituições e dos fenómenos do dia a dia.

    Vida longa, Professor Doutor Serra!

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  3. Elisio,

    Novas dos brothers da faculdade...? CEA...Reitoria...?

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  4. Na verdade, um noticiário, é como o buffet de um cocktail mais ou menos requintado. Coisas excelentes podem ser degustadas no momento, mas se tiverem muito sal ou piri-piri, ninguém mais vai querer prová-las.

    Só se vai falar o sal e do piri-piri.

    Porque é o que vende. Porque sem sal e o piri-piri, seria um desperdício de tempo e talento cozinhar aquelas iguarias todos os dias!

    Por isso é que, nas sociedades mais avançadas, o sal e o piri-piri são servidos à parte e por conta do comensal.

    A isso, chama-se direito de opção e responsabilização pela escolha individual.

    Ca Ira!

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  5. Decidimos começar recolhendo experiências com os que já estão na área(de outras televisões,etc.), depois partiremos para reitoria e CEA...


    Quanto a série, contaram-me algo interessente mas não pude confirmar ainda: Parece que a STV assinou um acordo para reportar todos os preparativos para o casamento de Lizha e Bang e provavelmente o casamento será transmitido ao vivo!!! Dai lembrei-me que Michael Jackson passou a vida toda fugindo da mídia! Ele devia ser meio esquisito mesmo!

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