Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
20 fevereiro 2010
Poder castrense fala, democracia cala-se
25 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Primeiro dizer que no meu primeiro comentário sobre o golpe de estado no Níger eu havia entendido mal quanto à posicão da União Europeia. Quando voltei a ler o artigo, percebi que a UE condenava a atitude do Mamadou Tandja - uma boa postura essa.
ResponderEliminarSegundo, pergunto aos que condenam o golpe de estado feito pelos militares, onde estavam quando o malabarista Mamadou Tandja fez golpe constitucional para se manter no poder. Onde que estava o clube dos líderes africanos que apelida por União Africana? Acham mesmo que no Níger havia algo que se chamasse de ordem constitucional nos últimos meses?
Como tenho dito, os militares não são minha esperanca, mas eles não são piores que os malabaristas que abusam o poder democrático organizando referendum ou fraudes eleitorais para se manterem no poder.
Tenho em mim que os golpes militares ou manifestacões populares poderão servir para acordar aos povos para não se manipularem nem se ameacarem por quem quer que seja e exigirem a democracia genuína.
Parece-me que nos finais dos anos 80 e princípios de 90, estavamos mais acordados... Será?
Que eu me lembre, nunca houve democracia (enquanto sistema) no continente Africano, antes da chegada dos Europeus.
ResponderEliminarA Historia ensina-nos isso. Haveria porventura, um sistema de governacao adequado as circunstacias da epoca, quanto muito.
E a miscegenacao cultural decorrente do colonialismo que nos conduz para esse sistema, tido como mais evoluido, pela MAO DO MULATO que e a semente do contacto entre colonizador e colonizado. Eduardo Mondlane, esclarece-nos no seu "Lutar Por Mocambique".
Os partidarios do original Africano, defendem hoje o retorno do sistema as suas origens de a 5 seculos atras.
O problema e que o mundo nao e o mesmo de 5 seculos atras. O que antes era delimitado pela linha oceanica, hoje chega-se instantaneamente num clique de mouse.
Aquilo que nao se poderia saber a 20 anos, hoje conversa-se na blogosfera.
Aquilo que pretenderia esconder ha 10 anos, hoje ve-se com detalhe no Google Earth.
Portanto, a realidade civilizacional e bem diferente.
Mas nacoes ha, em que o atraso e o obscurantismo do seu Povo e mantido ao nivel desejavel da sua governacao. Para que assim, se preserve o desejo do "regresso a originalidade" que todos sabemos utopico.
E desconexo, porque para mim, fica dificil perceber um discurso de uniao e emanicipacao negras, na boca de um tipo que veste Pierre Cardin, bebe Ecco Domani e queixa-se do calor e das moscas quando por ca passa em ferias...
Porque percebo bem a razao dos golpes de estado em Africa.
O Sr. Ricardo está (anda) muito politicamente INcorrecto!
ResponderEliminarQuando assim se fala, é-se INmigo do Povo?, ...
O que eu não entendo, ainda, muito bem, é como é que se aguentam, sustentam, as verdadeiras e legais democracias em África, as genuínas - Zimbabué, alguns seus vizinhos, Angola,...
Não é nos militares, nas AK47?
Agora, há militares bons, e militares maus, não é?
Depende!
Nao...sr. umBhalane,
ResponderEliminarO poder e sustentado por militares...a civil. Esses, sao os outros.
Nota alguma diferenca?!
Eu sim. O estilo democratico do seu discurso, coisa impensavel num quartel.
"Que eu me lembre, nunca houve democracia (enquanto sistema) no continente Africano, antes da chegada dos Europeus." São palavras do sr. Ricardo.
ResponderEliminarComo historiador (ainda que de palmo e meio) não permito que o sr. diga sandices dessas. Esta a ficar cada vez mais preocupante a sua pertubação mental. Isto é grave e intolerante. Deve curar-se. Espero que não venha a contagiar os mais incautos com este tipo de análise. Vir dizer de boca cheia e com todos os dentes (?) será que ainda tem todos os dentes? que foram os Europeus que levaram à "democracia" para a África é mesmo de quem os livros anda distante dos seus olhos.
Amanhã, a pensar assim, não me espanta nada que vai dizer que o berço da humanidade é a Europa. Não me espantará, porque é de resto este a filosofia que recebe dos seus. Eu fico envergonhado de viver na mesma época com o sr., uma época de hecatombes mental. É triste e ao mesmo tempo uma aberração aos povos africanos, que o sr. nunca respeitou, nem de dia nem de noite.
Se não houve democracia (poder e povo) o que é que houve? Quer dizer houve um sistema de matança, de selgavens, que só terminou quando os seus colonizaram a África! É isso que percebi? Você está aqui a dizer-me qua antes da chegada dos europeus a África, tudo era um pantano de tristeza? Por amor de Deus... Mais o que os europeus inventaram em África? Ah! até já se diz por ai que Moçambique foi descoberto por Vasco da Gama. Seja lúcido nas suas afirmações. Se não havia democracia havia um sistema bem melhor, progressista e promissor, que só terminou quando para lá foram em mais uma missão de domar os povos alheios, aquilo que os árabes fez ao longo de 700 anos de domínio da Penísula Ibérica.
Meu amigo, não venha aqui escrever asneiras, peço-lhe, se é que alguma vez amou os africanos. VOCES CRIAM CONCEITOS NOVOS POR CIMA DE UM SISTEMA OU VIVENCIA JA EXISTENTE PARA DEPOIS DIZER QUE É PRODUTO VOSSO.
Zicomo
Ha por este blog, um cavalheiro (ou cavalheira), que e, ele proprio, um mini-oraculo de Delfos...
ResponderEliminarMas como e muito desatento, ainda nao percebeu que o unico pregador do deserto nesta narrativa, e o proprio.
Eu ja havia desconfiado disso, quando uma vez usei a expressao "Salazar Negro" para referir-me a um politico e ele, reagiu, dizendo que nao admitia ser apelidado com tal epiteto. Revi o texto e nada encontrei que justificasse a sua reaccao intempestiva, alem de um odio visceral a ideias e as pessoas com ideias diferentes das suas.
Um caso clinico do hospicio do dr. Mabuse. Um exemplo tipico de preservacao-ideativa, que surpreende ate os especialistas na area.
Um sr. doutor que nao sabe ler uma frase " democracia (enquanto sistema) no continente Africano " com sentido critico, entao e um investimento perdido para quem lhe concedeu a bolsa. Deveras.
E normalmente, eu so acredito em bons negocios. Os que dao lucro e fazem os seus empregados felizes.
Os que perceberam o que eu disse, estarao certamente a reflectir criticamente e, nessa via, me questionarao PORQUE? O que responderei com todo o prazer.
Mas os pregadores do deserto, ficarao por la, a falar para os embondeiros do seu quintal...
Porque o que eu gosto mesmo e de RACISTAS, por muito banhados em ouro que estejam. Excremento politico, que se limpa e deita-se fora.
Como e evidente...
ResponderEliminarO que eu NAO GOSTO mesmo, e de racistas!
O resto ja sabem.
Só me faltava esta...agora, depois de depenado e já sem "cabeça", procura fazer jogo de avestruz...Já é tarde, barata no armário, depois de tanto estrago, foi descoberto....Na verdade, os únicos pregadores, PODEM ATÉ NÃO SER DESTE BLOGUE, MAS DO GOVERNO E DO ESTADO, TALVEZ DE ÁFRICA, é o Ricardo e a sua turma. Uma turma cada vez mais reduzida àas cinzas, porque nem espaço igual tem para comentar nos seus próprios meios. A mim o que me chateia é fazer comentários depreciativos, tando como exemplo a África. Há dias, uma atriz numa das novelas, citou a África como um viveiro das desgraças, deixei de ver a novela. Sou como deve calcular produto genuinamente de Samora (sim, este que tanto mal fez ao país), do Maguni, do Rebelo, este meu amigo, e de tantos outros que se batem pela África e pelo país. Críticas aceito-as, mas não de forma a catanar de vez, outra vez, uma pátria e um continente que eu amo.
ResponderEliminarSem resposta....
Na pureza da Lingua de Camoes...
ResponderEliminarO Messianismo politico, de um dos neo-discipulos de Idi Amin Dada, Jonas Savimbi & Cia.
A minudencia que nao reza na historia dos povos (nem dos ratos da Capela dos Ossos).
Preversao intelectual.
Volto amanhã, aliás hoje mais tarde para este tema. Acho falta de coerência e consistência em certos comentários. Que se passa, afinal?
ResponderEliminar...que eu saiba antes da colonização,o espaço Moçambique não existia,existiam si os reinos e as suas tribos por toda esta zona,Monomotapa,Gungunhana,Chaka Zulu,etc e que se tratavam a ferro e fogo,como verdadeiros tiranos...desculpável é claro se atendermo á época tão distante !!!
ResponderEliminarpor muito que custe foram os leões que criaram este espaço e o baptizaram de Moçambique...Mussa Al Bique,será????
...que me corrijam se estou errado,o que é natural ,pois não sou douto,nem frequentei Universidades,apenas a Universidade da vida,ao contrário de certos doutorzecos de meia tigela,fascistas,racistas e acima de tudo arrogantes burros !!!!
Tóxico
"leões que criaram este espaço e o baptizaram de Moçambique...Mussa Al Bique,será????" Professor, peço-lhe um grande favor de rever alguns comentários. Este do tóxico, na parte final, insulta sem qualquer tipo de consideração para os outros. Este seu Diário é um arquivo, uma fonte e permitir que palavrões sejam postados, confesso, retirar-me-ei até que situações desta não voltem a acontecer.
ResponderEliminarEm relação ao nome da ilha de Moçambique, para não dar muitas voltas, apresentei há dias um trabalho na UE e vide com detalhes a origem do nome de Moçambique, o qual não está de todo errado. Fonte:http://www.4shared.com/file/224094218/da4f33c3/PAPERS_SOBRE_A_ILHA_DE_MOCAMBI.html, ou http://elosclubetavira.blogs.sapo.pt/3273.html, não é Reflectindo?
Zicomo
você começou a desrespeitar..já se esqueceu????
ResponderEliminarintoxicado,barata no armário,perturbado mental,insinuações racistas e tantos outros nomes que não vou perder tempo a procurar.
agora,estar a fazer-se de santinho meu caro Viriato!!!
não é você que diz o que pensa gostem ou não,ofenda ou não, seja a quem for?
você fala desportivamente de crimes que deixaram marcas em famílias,defende a operação produção e está-se pouco lixando que essa mesma operação tenha trazido tanta desgraça a milhares de moçambicanos,e agora sem que eu tenha mencionado o seu nome enfiou a carapuça e quer que o prof. me expulse??
você acha que me estava a referir a si????
você também é presunçoso.
atitude bem ditatorial meu caro...
cresça e apareça....
Tóxico
Pois é, contextualize as minhas frases. E, se lhe ofendi, peço aqui e agora condescendência. Mas, repito, evita pensar que é invisível a ponto de, usar o seu pseudónimo para atacar verbalmente as pessoas. Ataque as minhas palavras e não a mim, como um dos seus até tentou insinuar há dia quando estive com o ministro Armando Artur...
ResponderEliminarEu volto a lhe dizer sem receios que a operação produção foi um plano justo para as necessidades da época e não vejo mal nenhum. Desde quando é que a vida humana teve valor para os leões indomáveis? Você sabe pouco de história para perceber que as maiores crueldades foram cometidas e ainda cometem quando, sob pretexto da paz, irradiam o ódio e matam seres humanos indefesos, no Iraque, etc.
A operação produção é justa para as necessidades da época. Não faça análises apaixonadas para perceber que o país precisa de colocar as pessoas, os vadios a fazer alguma coisa. Em Portugal isso também aconteceu (a operação produção), não só no tempo de Marques de Pombal, quando os Jesusitas foram expulsos, mas também, DEVE RETER ISSO, quando PINA MANIQUE fundou a casa Pia de Lisboa. Eu, se estiver interessado posso lhe contar com detalhes tudo o que aqui defendo. Não falo à toa e nem sob efeito de informações de canalzinhos aue mais não dizem que depreciar um todo esforço do governo de Moçambique, um governo como qualquer outro, com erros.
Amigo Tóxico deve reter que o a operação produção acabou e ou reduziu, por exemplo, com os crimes hediondos, a prostituiçao, a ociosidade, etc. Quanto o 24/20 até hoje ainda acontece na EUROPA, são expulsos irmãos nossos sem nada, nem 24H tem direito e vão para onde? RUA. Portanto, veja bem isso...
Zicomo e desta vez é mesmo kwambiri
Ora vamos esclarecer algumas coisas...
ResponderEliminar1 -Isto "como um dos seus até tentou insinuar há dia quando estive com o ministro Armando Artur..." tem como destinatario a minha pessoa?
Aguardo esclarecimento.
2- Que idade tinha V.Excia, sr. dr. Dias, a data da operacao Producao?
3- Como pode demonstrar -consequentemente - que o que foi para o Niassa era a escoria da sociedade mocambicana?
4- E se, fossem negros a EXPULSAR outros negros, para os seus paises em 24 horas e sem direito a 20 kilos de bagagem. Como aconteceu na Costa do Marfim, nos anos 80. No Ruanda e Burundi, nos anos 90. Ou ate, recentemente na RSA, Congo e Angola, o que e que nos diria a respeito?
Obrigado.
Chamwale Ricardo,
ResponderEliminarDepois de uma oração, decidi não entrar no ringue, novamente, se tal visa lamber feridas do que se passou hoje. Por isso, paz. Nunca escondi a minha idade nem a minha identificação, e dos nhungues esta caracteristica. Tenho 30 anos. Viriato Caetano Dias é o meu nome completo. O dia que estiver a alguém, ou melhor, se tiver que esconder o meu rosto, com certeza que há-de ser por uma causa justa de vida ou de morte, o que duvido vir a acontecer, porque tenho uma capacidade de resistir aos ataques que o amigo nem sequer possa imaginar. Não é nada consigo estas palavras.
Em relação a todo resto. Eu não sou contra os europeus, LIVRE-ME deste pensamento. Sou contra e estarei sempre contra as ideias de se querer faer julgamento forçdo ao governo. Pelos erros que se cometeu, alguns dos quais justo, como é o caso da Operação Produção ou o famoso 24/20. Começo pelo primeiro caso: Em Lisboa, para acabar com os vadios, os improdutivos, as prostitutas, etc a rainha de então de cujo nome não me lembro agora, instou ao intendente Pina Manique, mais tarde assassinado misteriosamente tal e qul Samora Machel, a organizar o tecido social até então escangalhado. Manique criou a Casa Pia de Lisboa, mais tarde estendeu a Evora, etc, etc, etc. Ora, uma vez que tal se sucedia com Moçambique, era imperioso que o tecido social fosse organizado, isto é, colocar as pessoas num centro de modo a serem úteis a nação. Não é nada de outro mundo.
Quanto ao 24h/20, algum excesso acusou este plano, mas nada tira a legitimidade da FRELIMO em levar avante este plano. Se eu pudesse faria o mesmo. O Ricardo faz um teste hoje mesmo. Deixe as portas da sua casa abertas e permita que as pessoas alheias, de cor amarela ou preta, tomar conta dos seus pertences. Não sei como é que iria reagir. Foram 500 anos de autentica vassalagem meu irmão de que estev sujeito o povo moçambicano, e é normal que a reacção tivesse sido esta. Não sei se me compreende, até certo ponto foi pouco o que a FRELIMO fez para aquilo que eram as crueldades cometidas pela PIDE/DGS, etc. O Ricardo não viveu isso, pois não.
Se os pretos fossem corridos ao invés dos brancos, iria lamentar. Mas só lamentava se esses pretos corrifos fossem inocentes o que não é o caso. É verdade que houve excesso, mas como lhe disse é normal e justo. Na Costa de Marfim, que eu saiba a história não é bem esta que o amigo pretende dar a conhecer ao público, nem sequer está petto da realidade dos factos ou semelhança dos casos. Amanhã, com tempo, aqui estarei para lhe contrapor com dados.
Um grande abraço do Dias, ou seja, Muna como alguns amigos me chamam.
Zicomo
PS: Eu disse, sem zanga a ver se a gente se entende, se calhar estamos no mesmo caminho, da reconcialiação.
Na Costa do Marfim, nos anos 80, sob o consulado de Houphouet-Boigny, cerca de 1 milhão de cidadãos de paises vizinhos "foram convidados" a sair do pais em 24 horas em longas filas. Não havia ainda a guerra de hoje. Nem sequer na Libéria. O argumento era que estes cidadãos eram improdutivos e estavam a estragar a Costa do Marfim.
ResponderEliminarCom a morte de Boigny em 1993, a Costa do Marfim, um dos países mais avançados de África, entrou no caos que prevalece até hoje. E já lá não estavam os "improdutivos".
O que recentemente vimos em relação a um candidato Presidencial de origem burkinabe, é um resquício da época de Boigny, que - novamente - apontam as baterias para o exterior, como forma de não resolver problemas deles próprios...
Esta é que é a história.
...a vingança,o dente por dente acaba protelando o ódio e não resolve nada,deixa é um monte de aleijados pelo caminho.
ResponderEliminarA Operação Produção não teve nem tem nada a ver com os exemplos que aqui tenho estado a ler...
a Operação Produção foi um crime,que os seus próprios criadores reconhecem ter praticádo.
Onde estão as cidades construidas pelas vitimas?
eram transportados para zonas que tinham sido terraplanadas e cada um que se desenrasca-se...
...falar disto já é cansativo,está tudo mais que falado ,só que como em tudo os pontos de vista divergem
...a ironia nem sempre é percebida,e quando me retiro do dialogo com alguém é só para não estar a perder tempo,pois percebi que essa pessoa nunca vai entender outra coisa que não a sua fixação..
...medo,ainda está para nascer quem me meta medo !!!!
Tóxico
Meu Caro Viriato,
ResponderEliminarEu tenho idade para ser o seu irmão mais velho. Sou da geração anterior à sua. Eu assisti à operação Produção ainda nos meus 13-14 anos. Também acompanhei o 24/20 e outras façanhas revolucionárias nos meus 10-11 anos, porque algumas das pessoas afectadas eram amigos, conhecidos ou mesmo, desconhecidos. Na época, fui a comícios, onde vi brancos "aterrorizados" com o sistema, que se declaravam negros e condenavam duramente tudo que não fosse negro. Alguns desses senhores, estão por cá, e mudaram diametralmente de opinião em anos mais recentes.
O grande problema que encontro quando lhe coloco questões objectivas sobre esses acontecimentos, baseia-se no seguinte:
1 - Tirando o SNASP, agora SISE, não há outras fontes documentais que detalhem o que realmente se passou na altura. Logo, calculo que a única fonte que tem é oral. Como suponho que se trata de um militante da Frelimo, pois de outro modo, não teria a bolsa de estudo, acredito que o que sabe, ou ouviu na sua célula, de familiares ou até, de alguns desses históricos da Frelimo, que viajam pela Europa;
2- A história de Moçambique desde 1975, tem sido ocultada, porque não há documentação com acesso público, baseia-se apenas em fontes orais e divergentes. E o pouco que há, é parcial. Sou particularmente crítico aos investigadores do Departamento de História da UEM que simplesmente entraram em amnésia científica no tocantes aos anos 75-80. Fiquei particularmente irritado, quando o douto Liesegang nos tentou explicar a “nova” versão da Morte de Modlane, que sempre nos ocultaram. Dos escritores, a mesma coisa, caixas de ressonância selectivas. O que tenho lido da AEMO ou NDjira, fala do colonialismo, falam da guerra da RENAMO, mas daquele período do pós-independência, nada, ou quase nada de palpável. O Barnabé Lucas Nkomo, tentou uma vez falar disso. Mas caiu na parcialidade, por isso, foi rapidamente questionado como fonte credível. Mas houve coisas que é preciso que jovens como o Viriato oiçam. A Linnete Olofsson é uma pessoa que certamente muito lhe teria a dizer;
3- Eu vi pessoas (jovens sobretudo) a serem recolhidas na rua, por não terem:
a) Cedula pessoal;
b) Cartão de Trabalho;
c) BI;
d) Ou até, porque o chefe do quarteirão não gostava delas.
Quando na verdade, o trabalho assalariado (e não sindicalizado) sempre foi a ocupação da maioria da população moçambicana. Nela englobamos, os empregados domésticos, agricultores e tantas outras profissões braçais, que hoje em dia, ainda lutam por terem reconhecimento legal e, aos olhos dos executores da operação Produção, ainda seriam considerados improdutivos. Mas também estavam lá empregados de escritório, balcão, etc. que foram lá parar por se terem esquecido do famigerado documento em casa. Ou porque no centralismo democrático, não faziam parte da classe operário-camponesa.
Portanto, dos cerca de 30 mil pessoas enviadas para contruir a utópica cidade de Unango no Niassa, mais de 70% seriam apenas uns pobres diabos que viviam da sua profissão precária, por irresponsabilidade de um Estado, que induzira o "povo oprimido" a sair do campo para cidade para tomar a cidade sem pesar as consequências, agora, tomava a decisão no sentido inverso, mas em desespero de causa.
E assim, sempre será, enquanto os governantes deste Moçambique conceberem que dirigir é uma rotina e não uma campanha. Os efeitos de campanhas são rápidos, mas fugazes. A rotina é lenta, mas é consistente e cria aliçerces e tradições populares. Hoje mesmo, ainda impera a solução “campanha”, quando se diz que o "chefe" tal vai visitar o sitio X. Aí os RH já funcionam na perfeição para enquadrar os funcionários. O asseio volta a imperar no escritório. Até a electricidade e água são ligadas para o corte de fita. Para logo a seguir tudo voltar ao caos anterior. Porque isso é campanha. Rotina é persistência, análise e melhoria dos resultados.
.../...
Foram assim recolhidas pessoas na rua, nos bares, nos autocarros, nas retretes, todo lado. Enfiadas em IFAs (camiões), despachadas de imediato para o aeroporto de Maputo, enfiadas em aviões Antonov da Força Aérea e descarregados no Niassa, sem se despedirem dos seus. Algumas, foram a tempo de serem salvas por familiares, patrões e conhecidos que lá foram com a documentação em falta, outras por mexerem nos "cordelinhos" da Segurança, a troco de outros favores. Porque naquela altura, ser SNASP era "status" equivalente a de um PHD!
ResponderEliminarChegados lá, cairam literalmente no mato, muito longe da população e alguns até, metropolitanos que eram, devorados por animais selvagens que nunca viram.
A terceira frente da RENAMO (norte) teve os seus primeiros recrutas aqui, com base nos erros políticos de líderes que sempre se dizem infalíveis. E continuam a dizê-lo ainda hoje. Puro Engano.
4- O 24/20 é outra faceta interessante da construção de um Estado que resvala no chauvinismo. Ainda que não se saiba (e eu conservo muitos documentos sobre o assunto), após a Independência reconheceu-se que a fuga de quadros Portugueses tinham de ser estancada e não incentivada por alguns comissários políticos. Nesse contexto, criou-se a figura do COOPERANTE, sim, os primeiros cooperantes FORAM os portugueses nascidos em Moçambique, pagos com dinheiro de Portugal. Só que, por volta dos anos 79-80, entendeu a FRELIMO que não deveria mais honrar aquele acordo com Portugal,decisão que eu gostaria que Guebuza nos explicasse porquê, se estiver a ler este blog, mas que suspeito, pelo facto de Portugal ter interrompido os pagamentos das tranches financeiras por razões que igualmente desconheço. E deu-se o 24/20. Tudo o que se lhe seguiu foi pirotecnia política, bastante similar ao que vemos no Zimbabwe, onde dois deveriam dançar o tango, mas nem um sequer existe para justificar o baile.
5 - Em paralelo, na época em que isto se efectivou, procedia-se à extinção do Curso de Direito em Moçambique. Decisão de que também gostaria de saber os porquês. Depois disso, TMRs e julgamentos sumários. As consequências são conhecidas. Promoveram atropelos as leis Moçambicanas e Internacionais. Usaram-se cidadãos que não percebiam de leis, para julgar a pertinência de decisões cesaristas. E tudo virou uma confusão. É nesta época em que Simango e seus pares são executados extra-judicialmente, nas circunstâncias que a “famosa ordem de serviço” de Veloso já nos mostrou neste blog. Os tribunais que poderiam ser fontes documentais para quem, como e porquê houve Operação Produção e o 24/20, são inúteis, porque não registaram nada disto.
6 - Eu conheço os horrores da guerilha urbana em Luanda em 1992. Matar para não morrer. Por isso, sou paciente a tentar abrir as mentes de quem ainda não a sentiu na pele. Eu não quero voltar a ver isto em Moçambique. Mas a memória dos homens é curta e a sua obstinação na asneira, inconsequente.
O resto é conversa.
Depoimentos e Declaracoes que complementam a minha argumentacao:
ResponderEliminar1) Sobre os Cooperantes:
http://www.igf.min-financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/DL_180_76.htm
http://www.igf.min-financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/DL_363_85.htm
http://www.aemo.org/fases.html
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/28e84f90e71bf249802568fc0039e5cb?OpenDocument
2) Sobre a Operacao Producao:
http://foreverpemba.blogspot.com/2008/04/moambique-1980-operao-produo.html
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/11/operao-produo-e.html
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/operao_produo_foi_uma_medida_pontual_e_inadivel.doc
http://oficinadesociologia.blogspot.com/2007/08/lina-magaia-e-operao-produo-que.html
http://www.joseforjazarquitectos.com/textos/planmocind.html
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/30_anos_como_mdico_em_moambique.doc
Portanto, procurei entender os argumentos de todas as partes. Mas nao foi facil, visto que, para alem de Portugal, nenhuma fonte em Mocambique e sustentada por base documental.
...a verdade está ai descrita pelo Ricardo,eu também vivi esses tempos e devo ter a mesma idade ou ser um pouco mais velho que o Ricardo.
ResponderEliminar...as famílias por este país fora,esconderam os filhos e familiares que não estavam a estudar ou trabalhar,durante meses,tipo Anne Frank...
e não podemos esquecer que essa perseguição fez nascer os bufos,delatores,oportunistas, que por interesses diversos,por vingança ,iam ter com os camaradas e denunciar,A e B...
Façam um levantamento nacional e perguntem ás pessoas que foram vítimas,e estas bocas doces,que só vêm o que lhes convêm ,talvez comecem a duvidar das histórias que os seus tutores lhes contam,lavando-lhes paulatinamente o cérebro !!!!
...não podemos esquecer ,o tempo que passou.....já dizia a música!!
Tóxico
Caro Ricardo
ResponderEliminarPorque vivi os factos, agradeco-o pela narracão. O que tenho não é acrescentar a história que descreveu, mas dar exemplos concretos sobre o que vivi e vi com os meus próprios olhos.
Caro Viriato
O que lhe sugiro é pegar o que Ricardo descreveu para entregar a quem lhe deu sua versão sobre os factos e ele próprio vir para cá contra-argumentar.
Meu amigo, sabe do que tenho medo? Tenho muito medo que a história repita.
Será que o malogrado David Aloni não tenha lhe contado sobre estes factos?
Este é um caso clássico do perigo de usarmos fontes suspeitas quando não testemunhamos os factos em questão.
ResponderEliminarObrigado ao Ricardo por repor a verdade histórica em acontecimentos que nos deviam envergonhar.
eu penso que os posicionamentos dos vários intervenientes já estão por demais afirmados,em relação ao Zim,a Operação Produção,etc.
ResponderEliminarOs dados estão lançados....
o tempo será juiz e tudo se esclarecerá,continuar neste chove no molhado apenas banaliza o diário do sociólogo !!!
Pensemos nas vitimas que continuam a sofrer ,sejam quais forem as culpas,dos indomáveis,do Mugabe,etc
nós deste lado fazemos parte duma elite da internet e que nos espaços livres vimos para aqui relaxar e alimentar os egos ,botando discurso,fazendo o show,apenas...
sinto-me mal e desde já aconselho outros temas,pois este só serve para se repetir,mais e mais,e nada vai mudar!!!!
O tempo julgará e ai sim faremos os comentários!!!
Tóxico