Nestas circunstâncias, é normal pensarmos que algo está mal no poder político, que algo excepcional acontece. A parte moral da alma crispa-se, dorida e incrédula.
Porém, nada de excepcional aconteceu, salvo um bem mais extremado cesarismo por parte de Rajoelina se comparado com o cesarismo de mercado do anterior presidente.
O que está em causa é, apenas, rigorosamente apenas, uma redistribuição de recursos de poder por sectores da burguesia nacional (aí compreendida a militar, agora bem visível na nomeação do coronel Vital) não contemplados por Ravalomanana. Sendo impossível um acordo diplomático, entra em cena a solução militar. Não foi necessário surgir em cena um general televisivo - como na Guiné-Bissau -, Rajoelina foi o ariete civil. Contudo, agora os galões vieram à superfície, como que resposta musculada à pressão diplomática dos anteriores presidentes deserdados, reunidos há dias em Maputo.
Então, o que parece estranho, aberrante, é normal e ocorre com frequência em Estados do tipo patrimonial onde, na ausência de um tradição de poder político tradicionalizado sem mais depender de partidos, de homens fortes e de sismos sociais na proa dos tanques, os povos estão à mercê de soluções cesaristas do tipo Rajoelina e dos seus clientelismos quando em causa está o acesso aos privilégios. E sobre privilégios, recorde-se que não é apenas o grupo representado pelo deposto Ravalomanana que os disputa, mas, também, os grupos de mais dois ex-presidentes, Dídier Ratsiraka e Alberto Zafy.
"Tudo farinha do mesmo saco"
ResponderEliminarAssim diz o povo.
E o pior é que setrata de um jovem. Suṕostamente com mentalidade do século 21. Eita nós...
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