Outros elos pessoais

27 setembro 2009

O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (2)

Mais um pouco desta série.
Somos filhos de muitas latitudes, são inúmeros e rizomáticos os caminhos sempre a percorrer, temos ventres híbridos em todo o lado, sementes culturais de todos os tipos povoam o nosso inconsciente colectivo, somos terra e mar, a mais pequena palhota do interior ostenta ainda a missanga secular dos oceanos, somos a diagonal sempre em reconstrução do dentro e do fora, a pátria mestiça do entre-dois, janus de almadia e caravela, de pangaio e junco. Nossos gostos apenas têm o horizonte como limite, viajamos da matapa ao cozido à portuguesa, do pende na brasa ao chacuti, do pombe ao Dão, somos um em tudo e em todos. E, evidentemente, inventámos o piripiri para que a história nunca fique insossa.
Neste húmus, passado nos bolsos, mãos dadas com o Índico, olhos alavancando a vertigem dos amanhãs, nossa alma é o mundo, nosso corpo a humanidade.
É verdade: nunca somos ou fomos, porque sempre estamos a ser. Por isso os sonhos são o sangue genuíno que corre em nossas veias, por isso a nossa raça chama-se futuro, túrgido de contradições.
(continua)

7 comentários:

  1. porque sempre estamos a ser,...
    teremos que ser os obreiros dos nossos sonhos,
    teremos que deixar de empunhar a AK47,
    teremos que comecar a empunhar o papel e pena,
    teremos que construir um amanha de sonho,
    sem fome, nem miseria,
    sem HIV e em Harmonia.

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  2. Isso é poesia.

    Moçambicano é de gaza, com todos os antepassados nascidos em gaza. O resto, é para pisar.

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  3. A mais bela forma de descrever um povo tão bonito quanto o é o Moçambicano.
    Obrigada a si Professor por estas palavras,
    Obrigada à vida por me ter deixado nascer Moçambicana.
    Mas com diz o Karim no seu comentário...temos ainda e sempre tanto caminho para caminhar. Sejamos então...caminhantes!

    Abraço a todos os que na alma são Moçambicanos

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  4. Professor, permita-me dizer-lhe da minha revolta da minha mágoa, da minha profunda tristeza ao ler o 2º comentário.

    De que sangue é feito este anónimo?

    O que escreveu é de facto poesia.Da melhor.Basta ter vindo do coração. Melhor, da alma de um ser nobre como o é o Professor - um Moçambicano de todos os costados.

    Que tristeza ler que quem não é de Gaza é para pisar.

    Deixe-me dizer-lhe Professor que me resta a ténue esperança que tal comentário não tenha sido escrito por um Moçambicano.Não posso aceitar um irmão com tal postura.

    E porque a vida tem de ser vivida em permanente poesia, espero aqui encontrar mais e melhores Moçambicanos.

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  5. Ó Micas, vc não percebeu o preocupado anónimo, ele apenas está alarmado com a hegemonia pisadora dos "vanguno".Ou não? De qualquer das formas, bem mais poesia virá.

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  6. Cada vez tenho mais orgulho em ser um Português nascido em Moçambique, na resistente mas também amiga Zambézia, e descendente do Grande Mouzinho de Albuquerque, o Grande construtor de Moçambique.

    BAYETE MOUZINHO.

    BAYETE

    BAYETE

    BAYETE

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  7. Poesia não se faz insultando o próximo num momento de paz. Bem, é assim que se tornam músicos e grandes poetas. Força, anónimo, so te falta o respeito.

    Abraços

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