Psicologia dos produtores da pátria (8)

Mais um pouco desta série.
Está ainda por fazer, em profundidade, o estudo combinado das três barreiras que sugeri, como hipóteses, no número anterior desta série.
Todavia, creio ser possível propor duas possibilidades:
1. Com a morte de Samora Machel em 1986, o grupo hegemónico vai transformar-se. E ao transformar-se, fará transformar as bases. A morte de Samora (e a desembraiagem progressiva de um certo grupo liderante político-militar, apoiado no seu intelectual orgânico mais interventor, Marcelino do Santos) significa a morte de algém muito incómodo para as aspirações da burguesia nacional.
2. A transformação terá dois níveis: 2.1. redução e eliminação das consequências da acção dos opositores internos e externos; 2.2. transição para o capitalismo, numa casamento entre capitalismo de Estado e capitalismo tout court, o primeiro permitindo a acumulação, o segundo a diversificação e a hegemonia político-financeira.

3. A transformação do modo de produção das estruturas e da mentalidade do social não eliminará, por um lado, a intolerância do grupo hegemónico em relação aos seus opositores - designadamente opositores políticos internos - e, por outro, deixará intacta a sua consciência de insubstituibilidade histórica, de liderança imutável e necessária.

Nota: em qualquer momento posso alterar o que aqui deixo escrito. Se isso acontecer, surgirão a vermelho as partes alteradas e/ou acrescentadas. Seria muito bom que os leitores pudessem contribuir com outras leituras, criticando as que aqui são propostas.

(continua)