Outros elos pessoais

02 junho 2009

Teatrocracia política

Não temos ainda no país um estudo da teatrocracia, do poder político posto em cena. Tenho algumas pistas lançadas no meu livro "Eleitorado incapturável" de 1999, mas isso é quase insignificante. O poder como ditadura do espectáculo, como conjunto de técnicas destinadas a produzir ilusões de óptica social, a camuflar a realidade pelo prodígio, pela exibição do poder de poder fazer espectáculos, do poder de transformar o real no imaginário, de procurar adesão pela magia do espectáculo, de gerir a ambiguidade. O poder não se conserva nem pela dominação brutal nem pela justificação racional - escreveu um dia o antropólogo francês Georges Balandier. Na verdade - observou ele -, o poder não se faz nem se conserva senão pela transposição, pela produção de imagens, pela manipulação de símbolos e pela sua organização num quadro cerimonial. A real chave do poder político está na teatralidade.
Tudo isso é ignorado quando analisamos o poder político em Moçambique. Ficamo-nos exclusivamente - e com muito fervor ético - nos pormenores clássicos: programas, programas cumpridos ou não, escuta dos eleitores, resolução dos seus problemas, militância, legitimidade histórica, etc.
Tentemos estudar a teatralidade política nas eleições desde ano. Aliás, já há indicadores deles um bocado por todo o lado nas pré-campanhas de certos líderes.

2 comentários:

  1. poderemos ter alguns bons exemplos:

    1- presidencias abertas, onde o presidente da show.

    2- as entrevistas do macuacua.

    3- a explosao do maringue.

    4-conversas a volta da fogueira com primeira dama.

    5-o faz de conta dos ministros.

    entre outros.

    vai ser interessante analizar isso.

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  2. Teatrices,
     Política é, de facto, uma das ARTES DE REPRESENTAR.

    Para quem tiver dúvidas, sugiro uma vista de olhos pela sessão em curso da Assembleia da República.

     OS e as artistas de uma e outra bancada, para além de aplaudirem as intervenções dos “seus pares”, CONVENCIONARAM que no final de cada intervenção devem levantar-se, deixar o seu lugar e felicitar os Pares/oradores: são apertos de mão (em vários estilos), abraços, muitos, muitos beijinhos e uma ternurenta cumplicidades nos sorrisos.

    Simplesmente LINDO … louvável toda aquela concentração no ESSENCIAL!
    __

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