Se, por um lado, somos generalizadamente apologistas de uma história que havemos por tradicional, com as suas gavetas de materiais frigorificados - origens linhageiras, parentesco, regras fixas -, sempre resistentes à usura do tempo e da mudança, por outro não somos menos apologistas de uma história ética, de uma história que produzimos com valores primordiais, de uma história que se faz contra o que os outros pensam de nós, de uma história normativada de afirmação permanente, de uma história não poucas vezes vitimária.
Assim, é frequente dizemos que África tem história. E por isso quando vamos ao passado até aqueles que se dizem imunes aos valores transformam a sua pesquisa numa busca de valores: solidariedade ancestral, pureza costumeira, moral sólida, matrizes linguísticas, heroísmos sublimes, chefes íntegros, etc.
O ponto central é reencontar o que supomos ser um registo imaculado que - acreditamos - os invasores macularam.
(continua)
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