Começo a divulgar as respostas às 15 perguntas que me foram formuladas por cinco estudantes universitários brasileiros de jornalismo:
Estudantes: como você descreve a história eleitoral de Moçambique?
Estudantes: como você descreve a história eleitoral de Moçambique?
Carlos Serra: como processo, étapa após étapa desde 1994, ano da realização das primeiras eleições multipartidárias no país. Somos, ainda, um país muito jovem, que tem ainda o cordão umbilical ligado à nascença e ao fervilhar browniano dos processos e por isso são também jovens as nossas eleições, jovem e rebelde é, ainda, a nossa capacidade de aceitar as diferenças políticas e de subverter o monopólio do Uno, do regente único da Grande Verdade.
Estudantes: quais são as principais diferenças entre as eleições moçambicanas e as eleições brasileiras?
Estudantes: quais são as principais diferenças entre as eleições moçambicanas e as eleições brasileiras?
Carlos Serra: creio que a única diferença é que o grito de Ipiranga data no Brasil de 1822 e, no nosso, de 1975…Por outras palavras, o Brasil dispõe de uma experiência bem maior no que concerne ao que chamo subversão do Uno político.
Estudantes: como você, enquanto sociólogo, define a cobertura jornalística das eleições de Moçambique? Há muitas diferenças entre a cobertura dos jornais moçambicanos para o que escrevem os jornalistas ao redor do mundo?
Carlos Serra: a cobertura jornalística no país tem o selo de uma aprendizagem desde 1994. O nosso é vincadamente maniqueísta: uma imprensa official bem comportada mas, cada vez mais, creio, confrontada com uma imprensa irreverente, novos jornais surgem regularmente. O discurso jornalísto é fortemente impregnado de eticidade, do dever ser, de um moralismo frequentemente espartano. Aprendemos ainda a saber com lidar com a imprensa irreverente, que diz e conta as coisas para além do politicamente correcto, dos corretores e dos corredores do discurso bem-pensante. No global, temos uma imprensa em crescimento, diversa, de bom nível (mesmo a nível internacional) em alguns sectores, mas regra geral carente do jornalismo pesquisador em profundidade.
Carlos Serra: a cobertura jornalística no país tem o selo de uma aprendizagem desde 1994. O nosso é vincadamente maniqueísta: uma imprensa official bem comportada mas, cada vez mais, creio, confrontada com uma imprensa irreverente, novos jornais surgem regularmente. O discurso jornalísto é fortemente impregnado de eticidade, do dever ser, de um moralismo frequentemente espartano. Aprendemos ainda a saber com lidar com a imprensa irreverente, que diz e conta as coisas para além do politicamente correcto, dos corretores e dos corredores do discurso bem-pensante. No global, temos uma imprensa em crescimento, diversa, de bom nível (mesmo a nível internacional) em alguns sectores, mas regra geral carente do jornalismo pesquisador em profundidade.
(continua)
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