Outros elos pessoais

31 outubro 2008

Espantar-me na rua (2) (continua)

E lá prossigo esta série.
1. Somos, em cada dia, o coágulo daquilo que em nós se tornou natural. Olhamos as coisas, sentimos as coisas, apalpamos a vida pelo prisma das coisas tornadas naturais, inquestionáveis. Não é tanto o natural que se torna social, quanto o social que se torna natural. O social naturalizado é o que, saído de nós, aceite por nós, colocamos nos museus, nos arquivos.
2. Aquela gente ali come docemente. O restaurante é belo, do género tosco prepositado, com lâmpadas discretas para simular uma atmosfera de um rural adaptado à cidade. Quem certamente não sabe disso são os pedintes, os vendedores de batiques e as crianças que desde manhã cedo petiscam o ar livre em suas roupas recolhidas nas latas de lixo, mundo que, de fora, retina tensa, mira os camarões e as galinhas que não comerá.
3. A Avenida Mao Tsé Tung já tem as primeiras mulheres da noite. Hoje, como se diz em Maputo, é sexta-feira dos homens.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.