Outros elos pessoais

04 setembro 2008

Doces kaddafistas apostoleiros da graça

Creio que não prestámos a devida atenção ao facto de se ter realizado na Líbia o primeiro Fórum Africano de Líderes Tradicionais, lá onde, segundo o "Notícias" de ontem, os defensores da realeza e do "poder tradicional" - incluindo os nossos, aqui de Moçambique - fizeram sua a posição do presidente líbio, Muahammar Kaddafi, no sentido de que deve ser criado imediatamente o Governo da União Africana.
Mas o fórum pode ter um dia consequências de outro tipo, verdadeiramente graças à mãozinha "teórica" e petroleira do autor do Livro Verde.
Na verdade, não consigo imaginar melhor público para estas palavras de doce kaddafinismo: "Vocês é que são os verdadeiros representantes do poder em Africa. Vocês é que detêm o poder porque o vosso poder é reconhecido pelos vossos povos, pelas vossas tribos, pelas famílias que vivem convosco (...). As eleições apenas fazem com que se gaste dinheiro, dinheiro que África não tem. Deveríamos utilizar esse dinheiro para a produção de comida, construção de escolas e hospitais, entre outros bens e servicos que beneficiem o povo e que contribuem para o desenvolvimento dos povos e suas nações. "
Tenho a impressão de que temos muitos kaddafistas no país, naturais amantes do poder imutável, monárquico, exclusivo, total. Ora senão vejamos (amo esta frase): por quê realizar eleições? Por quê gastar dinheiro com isso? Por quê rodar as elites na governação do Estado se basta uma, a que já está no poder e lá deve continuar com o apoio dos seus intelectuais kaddafistas? Para quê termos vários ou muitos partidos? Por quê obedecermos ao Ocidente, à sua indústria de doamentos e às suas exigências de prestação de contas? Por quê preocuparmo-nos com a mania da corrupção em lugar de nos preocuparmos com a "a produção de comida, construção de escolas e hospitais, entre outros bens e servicos que beneficiem o povo e que contribuem para o desenvolvimento dos povos e suas nações"? Por quê termos pensamentos diferentes perante comida, escolas e hospitais? Para quê ganharmos úlceras gástricas com os "desvios" na atribuição dos sete milhões? Por que, afinal, não eternizar a revolução dos bichos e dos seus apostoleiros da graça, dos seus Bolas-de-Neve e Gargantas?
Vamos lá, meus camaradas e irmãos: o que vocês acham?

1 comentário:

  1. Profe...,
    aqui está um comentário desmalicioso...
    primeiro, bem-vindo! conta-nos como foram as coisas lá no brasil? que tal, eles falam de mocambique?
    segundo, senhor professor fazia muita falta nestes últimos dias...o teu amigo (?), acho mesmo que é teu amigo, aquele apóstolo da desgraca, joa mosca, disse boas profecias de desgraca ali na politécnica na sexta-feira passada...pra ele ter certeza que aquilo eram profecias de desgraca, sem ele me pedir, contei os integrantes da plateia: 22, dos quais 8 professores...pergunte a ele mesmo o que andou a dizer, eu até gostei...
    terceiro,nao se preocupe com essas coisas todas...temos a nossa revolucao verde que vai acabar com a fome em 3 anitos, 3 só e só...o corte de ajudas de alguns doadores nao nos preocupam, o nosso governo já tomou medida...a base tributária e os investimentos vao crescer até tapar o buraco deixado por esses doadores maldosos...
    em último,quando é que retoma a análise sobre o eleitorado incapturável???
    Abraco,
    Edmundo Langa

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.