Outros elos pessoais

16 agosto 2008

Brasileirando a alma (2) (continua)

Escrevi no número inaugural desta série que antes de conhecer o Brasil em 1997 via Rio de Janeiro eu tinha uma imagem estereotipada desse país, um imagem que me dava um Brasil domesticado, digerido numa série de clichés.
Quando cheguei ao Rio, enganei-me na escolha do táxi. Sou distraído e falho de qualquer sentido de orientação. Em lugar de sair do aeroporto para o lado dos táxis oficiais, lado direito - como me tinham ensinado -, saí pelo lado esquerdo, dos desenrasca. E apanhei de imediato um táxista magro convencedor, de fala demasiado grande para o seu corpo, carro absolutamente xigorogoro (=carro velho) como aqueles que apanhamos no nosso aeroporto internacional aqui em Maputo.
E lá fui com o homem, do lado direito as favelas do Rio em seu imenso segredo, à minha frente aquele táxista que logo entendeu que o meu português pertencia a Portugal e por isso encaixou num ápice na sua verborraica genealogia um glorioso antepassado português, tudo isso enquanto, já dentro da cidade, afrouxava constantemente para elogiar os bumbuns-jeans das muitas raparigas que ia vendo e acariciando com suas palavras sem fronteira, chegando uma vez mesmo, sentidos em riste, rosto afogueado, a parar, falador, face a um bumbum mais portentoso, o que gerou da parte da moça uma palavra que não cabe aqui.
Quando cheguei ao Hotel Glória, do lado esquerdo fiquei com a alma na Copacabana, à frente-cima com um helicóptero que aterrava no terraço do edifício e do lado direito com a mão a pagar 90 reais (vejam só que descaro!) ao desembaraçado e bumbuneiro táxista.

3 comentários:

  1. hehehehe Esse tb é o meu problema..
    "sentido de orientação geográfica"
    Basta-me entrar numa loja de um centro comercial, e quando saio engano-me sempre.Nunca sei para que lado tenho que continuar.
    Mesmo tentado fixar " un point de repére" antes de entrar na loja, zas lá estou eu novamente no sentido errado..:-)

    Um bom fim de semana Prof..

    Lisa

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  2. motorista com um estereotipo bem carioca mesmo, malandro e descarado! hehehe

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