Outros elos pessoais

19 julho 2008

Do poder político (3) (continua)

Vamos lá prosseguir um pouco mais esta série.
Escrevi, no número anterior, que era indispensável colocar estas duas perguntas:
1. De que maneira posso conseguir que A, B, N, façam o que eu, Estado, quero que eles façam?
2. De que maneira eu, Estado, posso induzir condutas de forma permanente, sabendo bem que tenho de fazer face a resistências de vária índole?
E acrescentei o seguinte: se essas perguntas políticas forem justas, então creio ser sensato responder que é possível dar duas respostas, a saber:
1. Preciso empregar a força
2. Preciso empregar a persuasão
Ora, o emprego da força é o primeiro (e o último) instrumento usado pelos grupos detentores do poder para assegurarem que A, B, N, façam o que elas querem que a gente faça e, claro, evitem que façamos o que elas não querem que a gente faça.
Internamente, a polícia é o mais imediato indicador da violência estatal - o Estado exige que essa violência lhe seja exclusiva -, seja a que anda trajada, seja a que anda à civil. Violência amparada pelos tribunais, pelas procuradorias e pelas prisões. Claro que há também o exército e os serviços secretos, mas esses aparelhos preventores e repressores têem funções mais latas, especialmente a defesa da soberania nacional.
Em certos casos em que as independências são recentes e o Estado se confunde intimamente com um determinado partido hegemónico ou com uma personalidade cesarista, podem surgir outras forças repressivas, do tipo para-militar: organizações de jovens, tonton macoutes como no Haiti de Duvalier, grupos de vigilância revolucionária, etc. Neste caso, o Estado tem uma natureza claramente privada e o objectivo é sempre o mesmo: assegurar a reprodução da elite ou do César no poder sob o lema da defesa da ordem pública e da unidade nacional.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.