Outros elos pessoais

22 julho 2008

Do poder dos universitários (4) (continua)

As universidades são territórios privilegiados. Aí, os oficiantes do saber científico recebem e preparam os neófitos chegados das províncias do senso comum, em sua ascenção ao saber científico através de meticulosos ritos iniciáticos.
Não importa em que área do saber científico, as universidades são templos profanos nos quais três fenómenos são profundamente produzidos e reproduzidos:
1. Regras de pesquisa e de exposição dos resultados
2. Combates pela aprimoração e pelo monopólio da verdade científica
3. Colecção de insígnias e de rituais destinados a manter e a demarcar a verdade dos cardeais do saber científico
As regras de pesquisa e de exposição de resultados observam uma legião de costumes sedimentados século após século, molda-as uma espessa camada de senso comum novo, o científico. Laboratórios, instrumentos, replicação, leis, baterias de questionários nas ciências sociais, todo um vasto e severo mundo destinado a expulsar o sentimento, a subjectividade, o juízo de valor, o eu do pesquisador, a emoção, os extremos, o peso opinante do social e do particular, a vírgula traquina da alma.
Encontrado o produto científico, importa expô-lo com rigor e severidade espartana: regras de escrita, controlo do número de páginas e de palavras, escrita despida de estilo e e de sentimento, defesa em seminários, publicação em revistas científicas, debate, purificação.
Toda uma imensa igreja com seus diáconos e crentes, seus pontífices, seus credos, seus códigos de conduta, suas efígies, seus heróis fundadores, seus curandeiros, suas sanções, seus feitiços, suas capelas, suas vaidades, suas guerras de paradigmas, suas cissiparidades, seus amores, seus ódios, seus ciúmes, seus sentimentos em bruto - finalmente e sempre saindo da caixa de Pandora - tão mais visíveis quão mais se pretende ocultá-los.

3 comentários:

  1. Prof. Quando leio o seu texto, vejo tudo por onde passei. A universidade é mesmo isso... um local onde a verdade é exteriorizada e discutida,ganhando apenas quem melhor provar, ou pelo menos quem demonstra que saberá provar a verdade das materias...

    ResponderEliminar
  2. Bem, vamos ver a continuidade da série.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.