Deixem-me retomar a pergunta que deixei no ultimo parágrafo do número anterior, a saber: são os Sul-Africanos preguiçosos?
Responder pela afirmativa ou pela negativa equivaleria a entrarmos no mesmo campo apórico e substancialista que situa os Moçambicanos no campo do pacifismo e do trabalho abnegado, que atribui a um povo uma qualidade única, irreversível e vitalista, de origem genética.
Os Sul-Africanos não são preguiçosos em si, não são nem mais nem menos pacifistas do que os Moçambicanos. Ninguém é isto ou aquilo à partida: pode vir a ser isto ou aquilo à chegada ou em processo social.
Mas em que país vivem os Sul-Africanos pobres, aqueles que não beneficiaram do pós-apartheid? Num país chamado África do Sul, um país rico, um país-íman, o sonho de milhões de estrangeiros, a metrópole material e mental de milhões de estrangeiros. Nesse país, habituaram-se (Quantos deles? Não sei) a seguir, década após década, a emigração crescente, habituaram-se a sentirem-se donos de uma terra rica invadida por gente pobre. Digamos, de forma fruste, que as relações sociais nas quais viviam e vivem os dotaram socialmente de um complexo de superioridade, complexo clássico em qualquer metrópole procurada por emigrantes.
Nacionais de um país rico, os Sul-Africanos habituaram-se, enfim, a olhar com desprezo quem chegava e quem chega à procura de um futuro diferente, habituaram-se a pensar que têm o direito a serem os gestores exclusivos da riqueza do país. Deixem-me usar esta expressão: complexo de rico dos pobres.
Ora, findo o apartheid formal, milhões deles verificaram e verificam que as suas condições de vida não melhoraram. E, ainda por cima, verificaram e verificam que há cada vez mais gente estrangeira no país, Zimbabweanos, por exemplo, estes chegados aos milhares num ápice, ocupando os bairros populares.
Moçambique tem pouco mais do que 20milhões de habitantes e África do Sul pouco mais de 40 milhões de habitantes...O PIB per capita de Moçambique são 350usd e o PIB per capita da África do Sul são 12.000usd.........sem comentários!
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