Outros elos pessoais

04 junho 2008

O que fazer a ladrões e feiticeiros: representações de alunos de Inhassunge (4)


Mais um número da série.
Também é impressionante como a mulher surge em Inhassunge como a principal suspeita de feitiçaria, como o principal receptáculo do okhwiri (o terrível feitiço, digamos assim). Foi possível à equipa que dirijo recolher o testemunho de cinco mulheres que escaparam ao linchamento. Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.

6 comentários:

  1. O Homem nao aprende. repetem-se sempre os mesmo erros

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  2. Há um par de perguntas desconfortáveis e perturbantes que não me têm saído da cabeça quando penso neste fenómeno e na forma como outros colegas exercem o nosso métier.

    Hoje, não consegui resistir mais a torná-las públicas, em http://antropocoiso.blogspot.com/2008/06/linchamentos-e-aprendizes-de-feiticeiro.html

    Gostaria de saber a sua opinião.

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  3. ...quer dizer, a linguagem dessas criancas eh belicista!!! para ladrao e feiticeiro, so faca e fogo!!!, nada melhor!!

    Ha pano par as mangas dos psicologos...Repare-se ainda o trabalho que os professores de Portugues tem pela frente!! EpaH!

    SJ

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  4. Inhassunge tem uma particularidade.
    Dificel acesso, castigado pelas bombas dos Migs da Força Aerea e ataques bárbaros dos Bas, terras pobres.
    Inhassunge viveu sempre do palmar e alguma pesca.
    Nos anos 90, chegou a ser agenda do Governo distrital:
    Feitiçaria
    Alcolismo.
    São centenas de galões que circulam da alta zambézia para Inhassunge com bebidas tradicionais.
    As pessosa não têm emprego e mesmo nos balcões do estado é dificel apanhar os funcionários sóbrios.
    Parece piada mas é verdade: a segunda e sexta não se trabalha em Inhassunge.

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  5. Carlos Serra
    Tenho acompanhado,para efeitos da minha tese de Doutorado em Ética e Educação, o seu esforço em compreender sociologicamente os fatorese subjacentes aos linchamentos em Moçambique. Pena que não tenho tido acesso às informações computadas.

    A linguagem, como o velho Gramsci falou uma vez, expressa uma determinada concepçõ de mundo. No caso dessas crianças, a sua linguagem expressa a sua visão do diferente, a sua concepção de mundo de valores que, além de belicista, como disse um colega atrás, também parece não levar em consideração a dignidade do ser humano.

    Eu me pergunto: onde essas crianças ficaram sabendo a respeito da feitiçaria e os antidotos para a mesma: em casa, na escola, ou na rua? Serão esses os futuros guardiões da pólis que as nossas escolas estão a formar?
    Sou obrigado a concordar com Scheler que ando afirma, na esteira de Dilthey, que a vivência é ponto de partida para a apreensão dos valores. Mas neste caso, os desvalores que, para a comunidade, quem sabe, são um valor: tirar a vida a um ser humano sob acusação de feitiçaria. Talvez seja a consequência da modernidade socialisa que combatia a superstição em nome do Homem Novo.

    António Cipriano

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