A virulência dos ataques da ZANU ao MDC (transformado no ariete do imperalismo e no óbice à genuína reforma agrária) requer recordar dois fenómenos quanto a mim importantes: a decapitação da elite Ndebele seguida da perseguição do seu povo e o enriquecimento na campanha militar congolesa. No primeiro caso gerando o monopólio do poder, no outro assegurando as bases do enriquecimento da elite da ZANU-PF.
Quando Mugabe disse ontem que seria magnânimo com a oposição caso vencesse a eleição, ele limitou-se a dizer que a ZANU estava finalmente disposta a admitir uma partilha de poder que, porém, assegurasse a continuidade do monopólio do partido com uma pequena fatia distribuída ao MDC. Ele sabe bem que o espectro de contestação nacional, regional e internacional é, agora, grande. Por isso, embora estando ainda em posição de aparente vantagem interna, é para a ZANU conveniente recalibrar a correlação de forças, modernizá-la, adaptá-la, criar um semblante de partilha de poder, um governo de unidade nacional que permita a reprodução dos seus privilégios e satisfaça temporiamente a ânsia da elite concorrente, do MDC, um governo de unidade nacional que amorteça a indignação internacional e acalme a tempestade interna, um governo que de alguma maneira trave o efeito da acusação internacional de que o governo a sair da eleição de 27 é ilegítimo.
Tal de GUN entendi logo que era sua intencão, mas com certeza que fosse ele a dirigi-lo, tipo Quénia. Assim ele fez entender ao negar adiar as eleicões mas admitir que depois delas há espaco para diálogo. Ele sabe como qualquer um pode ter se apercebido de uns ou tantos no MDC com gula às riquezas fáceis tal igual acontece aqui em casa com a nossa Renamo-UE. E há muitos que por ingenuidade nunca se interrongam da utilidade dos GUN em África. A única utilidade que eu encontrei é de por enquanto da prevencão de guerras civis. Mas um governo da unidade nacional (GUN) é anti-democrático e satisfaz apenas às elites. De certo modo, os GUN estão preparando mais uma guerra em África, pois na medida que nos apercebemos da sua inutilidade vão provocando a nossa ira que a qualquer momento possa explodir. É que enquanto as elites se oportunam, os que fazem a revolucão real e os mais decisivos são os pobres.
ResponderEliminarQue GUN na África do Sul não durou muito tempo é do nosso conhecimento e podemos nos interrogar porquê. Para mim, é porque os convidados para o tal não o precisavam para enriquecer. Já estavam ricos e talvez sabiam gerir as suas riquezas e até o que mais queriam era mais tempo para geri-las muito mais melhor, para expandirem em toda África, África Austral em particular, onde usam os nossos gananciosos governantes, ontem seus inimigos.
E como vai o GUN em Angola?
O que precisamos ou o que é útil em/para África não são GUN, mas sim governos inclusivos, aqueles que buscam todo o nosso recurso humano, o cérebro, todos aqueles com vontade de contribuir para o nosso desenvolvimento. Até bastaria que se despartizassem os estados africanos, para podermos avancar, pois não é o posto de ministro que muito preocupa a um cérebro, mas sim a carreira profissional e as suas liberdades.
Obrigado pelo seu comentário, que faz pensar. Um ponto vital é o que parrece ser a falência das eleições.
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