Os pesquisadores, que tomaram como ponto de referência quatro bairros da cidade de Maputo, escreveram a certa altura o seguinte: "Ao nível dos quatro bairros Mafalala, Inhagoia, Laulane e Khongolote enquanto comunidades, o viver amontoado e a criminalidade têm um impacto negativo nas estratégias de sobrevivência e sentido de segurança das pessoas. Desastres recentes como inundações, deslizamentos de lama e explosões juntaram-se ao sentimento de empobrecimento e vulnerabilidade. O grande número de jovens de ambos os sexos, nos bairros, com habilitações mas desempregados e frustrados, que não conseguem viver segundo as normas da moderna vida urbana, pode pôr em perigo a actual estabilidade política." Leia aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
08 março 2008
Aumentam pobreza urbana e desigualdades sociais em Maputo
Os pesquisadores, que tomaram como ponto de referência quatro bairros da cidade de Maputo, escreveram a certa altura o seguinte: "Ao nível dos quatro bairros Mafalala, Inhagoia, Laulane e Khongolote enquanto comunidades, o viver amontoado e a criminalidade têm um impacto negativo nas estratégias de sobrevivência e sentido de segurança das pessoas. Desastres recentes como inundações, deslizamentos de lama e explosões juntaram-se ao sentimento de empobrecimento e vulnerabilidade. O grande número de jovens de ambos os sexos, nos bairros, com habilitações mas desempregados e frustrados, que não conseguem viver segundo as normas da moderna vida urbana, pode pôr em perigo a actual estabilidade política." Leia aqui.
3 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
professor! acho o teu texto muito util para os que estao interessados em compreender a logica dos sismos sociais. gostei da "Morfologia dos bairros periféricos de Maputo" e "Noite e catarse" por alguns momentos voltei ao meu chamanculo, senti-o bastante presente.
ResponderEliminarnum outro comentario comentei paralelismo entre a convicao popular na identificacao do "outro" como anormal, e os discursos da classe politica sobre a mao invisivel.
Terei ainda ocasião de explorar o facto de a "projecção catárquica" ser efectuada não contra os "ricos", mas contra os "pobres". A anormalização do "pobre" feita pelo "pobre" é um momento maior do trabalho sobre linchamentos.
ResponderEliminarProfessor, que tal problematizar um pouco o "termo bairro periférico". É periférico porquê? Vivem lá apenas pessoas pobres? O conhecimento que eu tenho da Cidade de Maputo desmente um pouco esta noção. Nos bairros que mencionou aqui, é possível encontrar de tudo; desde mansões a casebres. Há em Laulane muitas pessoas pobres; mas há em Laulane algumas pessoas ricas, pelos padrões de Moçambique, claro.
ResponderEliminarQuem circula por todos esses bairros, há-de se dar conta de que, as pessoas que pretendam construir, não o fazem tendo em conta a "selectividade" do bairro. Giam-se pela facilidade de encontrar espaço para fazer a casa. Um empregado do Banco de Moçambique (que estão entre os bem pagos) tanto pode construir no Belo Horizonte, como em Magoanine ou Gwava. Mesmo funcionários superiores (secretários permanentes, administradores de empresas, ministros) constroem nos tais "bairros periféricos"
Creio por isso, professor, que talvez fosse bom problematizar um pouco mais esse termo, tendo em conta a realidade concreta de Moçambique.
Por outro lado, o viver na Sommershield, Polana, Coop... não é, necessariamente, sinónimo de estar bem na vida. Muitos foram parar lá por via das atribuições de casas da moribunda APIE (Administração do Parque Imobiliário do Estao). Muitos nem recursos têm, para garantir uma manutewnçao condigna das casas que "herdaram". É só ver alguns jardins. É só ver que alguns não conseguem substituir vidro quando parte, cano de água quando rebenta, etc.
Assim, a zona de cimento não pode ser rigorosamente descrita como zona dos não excluidos, dos não marginalizados. Há nesta zona alguns ricos (pelos padrões moçambicanos, de novo). Mas há também muita pobreza. Talvez similar à que pode ser encontrada nas chamadas "zonas periféricas".