Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
15 março 2008
Linchamentos: factores e especificidades
4 comentários:
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As questões que o prof coloca me parecem responder algumas que levantei no meu mundo onde procuro negar algumas das causas que são apontadas como estando por detrás dos linchamentos. Ao me referir às outras cidades por exemplo quero deixar claro que apesar de com certeza viverem dos mesmos problemas que os das cidades onde os linchamentos prevalecem, o fenómeno linchamento existindo não tem a mesma notoriedade.
ResponderEliminarPode ser sim que que "haja linchamentos em outras cidades, em outras periferias urbanas" mas o simples facto de não ser com a mesma frequência e visibilidade já é suficiente para questionar.
Eu não diria que "estamos diante de coeficientes de irracionalidade, de violência, superiores aos existentes em outras cidades" mas não teria como negar que estamos diante de alguma especificidade que o meu curto raciocínio ainda não conseguiu ler se é que conseguirá um dia.
Que eu saiba por experiência própria(vida no campo), os linchamentos que "registam-se em meio rural e estão associadas a acusações de feitiçaria" não tem o mesmo carácter populista que caracteriza os urbanos apesar de ambos estarem cobertos por esta "fome de justiça". Uma característica que acho
interessante nos linchamentos rurais é o envolverem de forma restrita a vitima do feitiço e o feiticeiro dando um "ar de justiça" . Que fique claro que não defendo essa prática.
"Esses movimentos sociais justiceiros não estruturados (por agora) registam-se em áreas onde se concentram pessoas que vivem, no geral, com extremas dificuldades de vários tipos, tal como neste diário tenho procurado mostrar. Eles podem estruturar-se e tornar-se endémicos, tendo à cabeça pessoas ou grupos que não são, necessáriamente, oriundos das camadas sociais mais desfavorecidas. Podem, um dia, dar origem a grupos justiceiros perenes, alternativos às instâncias formais da justiça, operando em redes protectoras e justiceiras clientelistas, com regras muito próprias de gestão comunitária, incluindo regras financeiras (cobrança de impostos de protecção, por exemplo)"
Uma "profecia" apocalipticamente assustadora
Escute, há algo mais que acrescentei há momentos sobre linchamentos em zonas rurais. Esteja descansado que não estou a pensar que o Nelson defenda o que quer queseja, não sou como certos mandarins da praça. Abraço.
ResponderEliminarCaro Nelson, a minha experiência de vida nas zonas rurais leva-me a concordar contigo no facto de não serem usuais linchamentos lá. Pelo menos na forma como os conhecemos nas zonas urbanas, com participação de muitas pessoas, sobretudo mulheres e crianças. Existem, é verdade, crimes ligados a acusações de feitiçaria. Não são no entanto festivais linchatórios como os que conhecemos aqui nas cidades. Tomam a forma, geralmente, de crimes familiares, secretos, que podem mobilizar dois ou três irmãos (ou primos) para a prática do assassinato. Geralmente são mortas, quase que silenciosamente, pessoas idosas.
ResponderEliminarIremos tomar em conta a sua observação na pesquisa. Obrigado.
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