"Negra, mulata, leva/europeia, chinesa, apanha/filipina, monhé, dá-lhe/até albina" (da letra de maboazuda)
Vamos lá então tentar algumas ideias, ideias que, como vereis logo de seguida, são bem canhestras.
A primeira ideia é a de que Zico (permitam-me escrever o nome com "c", pois já o vi grafado com "q") é bem mais do que o conteúdo de uma forma musical, bem mais do que uma postura temática, bem mais do que o emblema de um estilo.
Vamos lá então tentar algumas ideias, ideias que, como vereis logo de seguida, são bem canhestras.
A primeira ideia é a de que Zico (permitam-me escrever o nome com "c", pois já o vi grafado com "q") é bem mais do que o conteúdo de uma forma musical, bem mais do que uma postura temática, bem mais do que o emblema de um estilo.
Tenho, por hipótese, que Zico é um ícone. Um ícone proposto, mas um ícone também assumido. Por agora apenas falarei do ícone como proposta.
Mas um ícone de quê? Da sexualidade, de uma sexualidade afirmada com pujança, sem freios, enunciada como normal pelo emissor masculino. No caso de Maboazuda, não há mulher que escape, como objecto, à virilidade e ao desejo ardente enunciado por Zico, nem mesmo as albinas (as albinas constituem-se realmente como seres quando tornadas objectos sexuais).
Portanto, maboazuda é um hino masculino ao amor fortemente sexualizado. Digamos que um hino fortemente patriarcal, sem preliminares ternos. O seu campo de acção é ilimitado, é um rio sem margens, sempre em ebulição. Sente-se em cada palavra, em cada alma de palavra.
O hino não selecciona mulheres: fagocita-os por inteiro, não importa a origem racial ou regional, não importa o teor de mielina. O sexo não tem raça.
Mas não basta, apenas, enunciar a vontade sexualizante. Importa, também, seleccionar as posições canalizadoras dessa vontade, os carris pelos quais deve deslizar a vontade. Esta a segunda ideia, a tratar mais tarde.
Pedido: peço-vos que me vão corrigindo, estou certo de que há muito a corrigir nesta leitura.
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