Outros elos pessoais

22 fevereiro 2008

Frelimo analisa manifestações populares

Em relação às manifestações populares surgidas desde o dia 5 de Fevereiro e de acordo com o "Diário de Notícias", o porta-voz do partido Frelimo, Edson Macuácuá, "considerou as manifestações “atípicas e com origem numa mão invisível, que fracassou nos seus intentos de desestabilizar o País”. “Foram atípicas, porque visaram propriedades da própria população e com origem numa mão invisível, porque não foram populares, como se pretende dar a entender, a população foi ela própria vítima dessa situação”, enfatizou Macuácuá. Para a FRELIMO, a agitação criada deixou de lado os mecanismos de diálogo e concertação social legalmente instituídos, pois visava apenas a perturbação da ordem. Segundo Edson Macuácuá, “fora de Maputo, as manifestações foram encabeçadas por núcleos de desordeiros não residentes nas áreas onde ocorreram os protestos e tinham como alvo bens da própria população”. Macuácuá referiu que os tumultos não perturbaram o quadro de estabilidade política que o País conhece desde o Acordo Geral de Paz de 1992, mantendo-se intacta, segundo frisou, a imagem externa de Moçambique como seguro e competitivo para investimentos. “Foram distúrbios pontuais e localizados no tempo e no espaço. Está tudo ultrapassado e em nenhum momento a imagem de que o País goza foi negativamente afectada”, insistiu o porta-voz da FRELIMO. Nem a credibilidade do partido no poder foi atingida pelas manifestações, porque a população está identificada com o compromisso da FRELIMO de resolver os problemas que afectam o País, assinalou ainda o porta-voz desta formação política. “O nosso manifesto está a ser cumprido, estamos a resolver os problemas da população e ela está ciente disso. O desafio é enorme, levará algum tempo a combater a pobreza absoluta e não será com a instabilidade política e social que se irá conseguir esse objectivo”, disse. Macuácua assegurou que as entidades do Estado com competência para o efeito estão a trabalhar na identificação e neutralização dos recentes focos de perturbação da lei e ordem pública."
O meu obrigado à PL pelo envio do jornal.
Adenda a 23/02/08: a propósito, leia esta bela crónica do Paulo Granjo aqui.

3 comentários:

  1. Quando é que irão actualizar o discurso? Já não estamos em 1975. Não podem dizer que TODO o povo está convosco.uma parte dos cidadãos apoiam o projecto político do Partido Frelimo, outros são indiferentes, outros ainda comungam de ideias diferentes.Devem aprender a respeitar as diferenças, ninguem é dono do saber ou da verdade absoluta. Modernizem o discurso por favor.

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  2. A mão externa evoluiu.
    Agora é mão invisível.

    E não se cumpriram as leis em vigor, os mecanismos de diálogo e concertação social – todos os ditadores falam de igual modo.

    Uma qualquer ditadura faz leis rígidas para se perpetuar.
    O Povo oprimido, qualquer que ele seja, tem que tocar primeiro à campainha da porta da ditadura instalada, e perguntar:

    -Dá licença.
    -Podemos revoltar-nos, se fazem o favor, podemos?

    Resposta

    - Não. É proibido por lei.

    E o Povo, ordenado, regressa a casa a cantar hinos de louvor à boa ordem estabelecida.

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  3. Caro Edson,
    “MAIS CEGO DO QUE QUEM NÃO VÊ, É QUEM NÃO QUER OUVIR”.
     O fascínio do poder cegou-vos. No frenesim da batucada, bem comidos, bebidos e transportados – blindados contra qualquer aumento de preços – vocês esqueceram o aviso popular: “saco vazio não fica de pé”.
     Não percam tempo na procura de bodes expiatórios. O povo que saiu á rua no 5 de Fevereiro faz parte dos concidadãos sem “porta-voz” – não caiam na tentação de lhes usurpar também o direito à indignação.
     Sugiro que procures nos escaparates do Partido uma brochura datada de Janeiro de 1987,quando militavas nos bancos do secundário,intitulada: “Construamos o Futuro com as nossas próprias mãos – reabilitação económica tarefa de todo o povo”.
     Nela encontrarás o diagnóstico da situação política, social e económica de 1974 a 1986, as políticas implementadas, as causas dos falhanços e os objectivos do PRE. Na página 31, com a epígrafe “Conclusão” podes ler …., como se duma reunião de hoje se tratasse, não obstante terem passado 21 anos :

    “A melhoria do nível de vida do nosso Povo não pode depender de donativos, subsídios e empréstimos. Temos que produzir mais do que consumimos. A manter-se a situação actual, avançamos a grande velocidade para uma situação ruinosa que tem de ser evitada.”
    “A aplicação das medidas do PRE pressupõe que todos nos engajemos com coragem, determinação, consciência, vontade e confiança de vencer”
    “Lutemos, pois, sem tréguas e com todas as nossas energias, pela eficiência, pela poupança e austeridade, pela disciplina, pela qualificação e brio profissional”.
    “Lutemos contra a candonga e a especulação, reprimindo os especuladores e candongueiros, mas, principalmente, aumentando a produção e produtividade, controlando a comercialização, o armazenamento, o escoamento e a distribuição dos produtos. Combatamos, sem tréguas, os desvios e os roubos.”

     Provavelmente, os indignados do 5 de Fevereiro, sem “porta-voz” vivem na expectativa que entre os que têm voz haja um punhado de indignados com influência para moralizar a sociedade. Porém, no grupo dos com voz parece haver mais acomodação do que indignação.

    Edson,

     Limpem a cera dos ouvidos, para melhor ouvirem a voz dos mais frágeis, olhem para dentro… encontrarão seguramente muito lixo para varrer.

    > Entendam que a desigualdade social, quando tão “despudorada” como a que têm vindo a promover – gera perigosas tensões.

    Um abraço,
    FM

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