Outros elos pessoais

19 fevereiro 2008

Castel-Branco: desmontagem de mitos

A Rádio Moçambique transmitiu hoje (13:00) uma entrevista com o economista e professor universitário Carlos Nuno Castel-Branco, no âmbito do programa "Questão de fundo". Uma entrevista desassombrada, com a desmontagem completa, cheia de dados, de múltiplos exemplos, dos mitos que hoje usamos para disfarçar os dramas de um país que, nas suas palavras, tem crescimento económico localizado mas não desenvolvimento social, com um Estado que, ao contrário do passado - apesar de inúmeras dificuldades, o antigo Estado foi internacionalmente reconhecido como sério -, é hoje, defende Castel-Branco, o mediador de interesses privados, um Estado do qual certas pessoas se servem, aí incluídos os governantes. Nenhuma unidade nacional pode existir com a desigualdade social gritante que existe. Numa situação de desespero, refugiamo-nos nas imposições externas, fazemos recurso ao externo para explicar os problemas internos. Por exemplo, afirmou o economista, invocamos o encerramento das nossas fábricas de caju devido à pressão externa, mas internamente havia interesses tendentes ao encerramento. Há imposição externa, sim senhor, o grande capitalismo internacional é disso responsável, mas sempre podemos ter alternativas. Deveríamos, finalmente - rematou Castel-Branco -, ter hoje uma maneira diferente de encarar a base do desenvolvimento: em lugar de definirmos a agricultura (a machamba) como base, devíamos definir, antes, como base, a maneira como sabemos conceber e fazer articular as diferentes componentes do desenvolvimento. É preciso relutar pelos ideias que guiaram a luta de libertação nacional.
Parabéns à Rádio Moçambique pela exemplaridade do trabalho, pela contribuição dada no sentido de esquecermos, temporiamente que seja, os vigilantes ciosos do tudo está bem.
Nota para o Ricardo, em resposta ao seu email: pode escutar sim, use o www.rm.co.mz e clique em "ouvir emissão online".

6 comentários:

  1. Por acaso ouvi o meu Professor Castel Branco a dar uma daquelas lições de Economia Agraria e durante a entrevista levantou uma questão que dificulta o crescimento economico o problema de articulação intra e inter sectorial.

    Se tivessemos a entrevista na integra acredito que seria muito util para quem não teve oportunidade de ouvir o programa "Questão de fundo".

    Professor Serra thanks pela selecção que faz das noticias sempre buscando o util.

    Maxango

    ResponderEliminar
  2. E o Prof. Castel Branco nunca decepciona!

    ResponderEliminar
  3. Aproveitando a deixa do prof. Castelo Branco, a quem interessa o fecho da salina da Texlom? Integracao regional? http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=6&idRec=3359

    ResponderEliminar
  4. Há muitas coisas na nossa história que, aprofundadas, dariam resultados surpreendentes.

    ResponderEliminar
  5. Professor,

    embora com vários cortes, a emissão da RM pode ser escutada em qualquer parte do mundo, bastando para isso ter ligação à internet.
    O site para o fazer é em www.rm.co.mz e basta clicar em "ouvir emissão online".

    ResponderEliminar
  6. Muitoi obrigado! Vou já corrigir!!!! Lamentável lapso o meu!

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.