Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
25 setembro 2007
País sem ladrão não é país
Na investigação que fazemos sobre linchamentos, temos usado várias formas de registo de percepções populares. Uma delas consiste em metermo-nos em chapas e em suscitarmos um debate sobre agressões, roubos e medidas a tomar. Por exemplo, na rota Muhala-Matadouro em Nampula, o compreensivo, dialéctico motorista do chapa interveio em meio à discussão que provocámos para dizer o seguinte:
“País sem ladrão não é país. O ladrão quando rouba está a fazer o serviço dele, como eu estou a fazer o meu serviço. Se matarmos o ladrão então não havia necessidade de construir cadeia para estar vazia. A melhor coisa é entregar à autoridade. Roubar é vício que Deus deu por isso é melhor deixar. Uma pessoa que tem fé em Deus, se alguém me fizer mal enquanto eu lhe salvei, eu só posso agradecer a Deus porque cada um foi nascido na sua maneira ( há uns que têem coração de cobra e outros tem coração de pessoa). É bom agradecer com livre vontade porque assim Deus vai-lhe ajudar." ("Diário de campo" de um dos investigadores).
1 comentário:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Mano chapista sabe como viver.
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