Outros elos pessoais

25 setembro 2007

De onde vem todo este dinheiro?

"A admiração começa onde acaba a compreensão" (Baudelaire)
Hoje, neste belo dia fresco e chuvoso, maputei, fui de carro ao longo da Julius Nyerere, descendo pela rua que passa em frente à escola portuguesa, metendo depois pela marginal até à Costa do Sol e regressando para entrar pela 25 de Setembro, subir para a 24 de Julho e regressar ao xitolo. Devagar, cruzando com os habituais carros último modelo, fui espreitando, apalpando todo aquele casario de luxo que forma autênticas microcidades da Nyerere à Costa do Sol, intrometendo-se cada vez mais na zona verde junto à presidência da República. Creio que senti que amanhã já haverá mais mansões, mais condomínios protegidos por arame farpado electrificado. E a pergunta era e é sempre a mesma: de onde vem todo este dinheiro, todo este luxo que mais nenhuma cidade moçambicana possui? Quais as suas fontes numa grelha sempre em crescimento que inclui bombas de gazolina, hotéis, casas de câmbio e casinos?

34 comentários:

  1. Do céu não vem xamuáli e da machamba de batatas muito menos.

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  2. Não há volta a dar.A outra face é a perpetuação da miséria.

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  3. Indiscretas sim, mas decisivas num país onde o PIB depende em mais de 50% do alumínio exportado pela Mozal. Corrijam-me se eu tiver escrito alguma asneira.

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  4. Primeiro deixe-me lembrar que recentemente O Banco Mundial aprovou mais um "donativo". A USAID, tambem...um grupo de doadores..tambem.

    Estas ofertas (sim ofertas..porque nunca teremos como pagar), ja vem acontecendo ha anos. Estamos a falar de milhoes e milhoes de dolares, para um pais cujo desenvolvimento continua a passo de camaleao. PARA ONDE VAI ESSE DINHEIRO? Nao estou a especular nada, mas apenas to perguntando.

    Sim o PIB depende em grande maioria da Mozal, mas nos tambem temos uma industria de captacao de dolares. Por isso eki,vimos numeros astronomicos para por a policia a andar, para as eleicoes (que sem explicacao desceram drasticamente) e todos os anos vamos choramingar dinheiro para o PARPA, para o PES, para o SIDA..para o ROCs 1,2,3,4. Mas, no terreno continua tudo como dantes ou pior.

    Onde vai esse dinheiro??

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  5. Professor,
     Para haver casas - tem que haver terrenos:
     Para se parcelarem terrenos - deveria haver um plano director, que não permitisse tamanha densidade de cimento e disciplinasse a anarquia arquitectónica existente.
     Começa aqui o compadrio, o tráfico de influências, a pouca vergonha: quem atribui os terrenos, quais os critérios, quais os encargos, qual o valor atribuído ao terreno (em função da localização) para efeitos de avaliação do imóvel e pagamento de taxas ao Estado?
     De onde vem este dinheiro? Só há duas origens: (i) o auto-financiamento, resultante daquilo que cada um poupou/acumulou. (ii) outros financiadores.
     Sobre a capacidade de poupança /acumulação já alguns comentaram e muito mais haveria para dizer. Por questões de espaço, falarei apenas de um dos outros financiadores,A BANCA, para destacar os aspectos seguintes:
     Se analisarmos os Balanços dos maiores Bancos, concluiremos que:
    (i) Na sua carteira de crédito têm vindo a aumentar o peso do crédito à habitação, em detrimento do financiamento aos sectores produtivos da economia, com realce para a agricultura e indústria;
    (ii) Têm vindo a aumentar substancialmente a aplicação de disponibilidades na compra de dívida pública: o Estado paga bem e isenta estas aplicações de determinadas taxas.
     Quer isto dizer que:
    A- As nossas poupanças, quando depositadas nos “nossos” Bancos, são prioritariamente aplicadas no financiamento de condomínios, mansões, hotéis, prédios para habitação e serviços – pois, segundo os critérios de risco da Banca (que está no seu direito de seguir) constituem aplicações de menor risco do que na agricultura ou industria, por exemplo.
    B- Outra parte das nossas poupanças, depositada na “nossa” Banca, serve para financiar o despesismo do Estado:
    (i) A Dívida Externa vem reduzindo com o perdão da dívida que o país tem beneficiado;
    (ii) A Dívida Interna tem crescido em flecha, resultante do recurso á emissão de dívida pública, assumindo hoje valores preocupantes;
    (iii) Ao colocar dívida pública na praça oferecendo remunerações altamente superiores à inflação e benefícios fiscais aos Bancos adquirentes, o Estado: (a) contribui para manter uma alta taxa de juros à economia, prejudicando a sua já fraca competitividade; (b) concorre com os sectores produtivos da economia; (c) aumenta confortavelmente os lucros da Banca.
     Por estas razões, é utópico falar em campanhas de poupança com o objrctivo de estimular o desenvolvimento da agricultura e da indústria, ou, em geral, do meio rural. Todos os recursos que entrarem na “nossa” Banca irão direitinhos para: (i) crédito ás mansões de luxo construção /habitação, hotéis, gasolineiras, etc; (ii) aquisição de dívida pública; (iii) aquisição de moeda externa.
    Florêncio
    PS  Para a história da “Antroplogia da Acumulação de Capital em Moçambique” seria importante tentar interessar uma das ONG´s preocupadas com boa governabilidade, Ética, etc., a financiar um trabalho semelhante ao que a Pandora /Hermes fez relativamente à inventariação das empresas e sócios/accionistas publicadas em BR.
     Só que desta vez seria um levantamento do Registo Predial, que é público. Poderia até ajustar-se com o Governo o tipo de informação a recolher e informatizar, de modo a ficar com uma base de dados útil para a cobrança de impostos (apoio institucional) e para sabermos algo mais da proveniência do dinheiro.

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  6. Esse luxo provém da pobreza de muitos de nós

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  7. Muitas vezes discordo das análises de Florêncio (creio ser ele o autor do penúltimo comentário). No entanto, desta vez deve felicita-lo pela recusa em especular. Por apresentar uma explicação para o boom imobiliário que não se baseie apenas na alegação de alguém está a dirigir-se aos cofres do Estado para roubar as doações.

    Este é um espaço frequentado por académicos. Mas às vezes parece um círculo de comadres.

    Obed L. Khan

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  8. Obed, eu creio que eh fundamental e essencial respeitarmos as opinioes das pessoas, independentemente da sua capacidade de analise sobre um determinado aspecto. Para todos, a dias em que somos felizes nas nossas opinioes, e ha dias em que tambem nao o somos. Dai, nao vejo a razao de achar que este espaco por vezes parece circulo de comadre. Por mim, creio que eh apenas um espaco em que cada um expressa as suas opinioes, debate, aprende e sai daqui enriquecido nas suas ideias.

    Quanto ao Florencio, creio que pode ter as suas razoes em tentar dar-nos uma ideia de onde possa vir o dinheiro.Faz uma analise interessante. Mas fica-me a duvida sobre quanto cidadao comum tem essa capacidade de aguentar os elevados custos de vida, fazer uma poupanca e suportar os elevados juros do credito a habitacao?

    Na sua analise dos creditos a habitacao, talvez poderia tambem analisar a distribuicao desse credito para uma melhor percepcao. Mas tem uma questa que tambem acho importante, e creio ser a razao de o prof. Serra ter mencionado o PIB. Para um pais que nao produz, nao acha muito estranho tanto dinheiro para tanto luxo?

    PP

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  9. O que me parece é que espaco incomode o Obed L. Khan como se ele não fosse bem vindo. O que é ser académico é escrever ao gosto de Obed? Acho, que lhe entendemos, Obed.
    Aliás, o Prof Carlos Serra não fez uma limitacão de quem deve ser participante dos debates. Não é por acaso que ele nos traz conversas do chapa, do mercado informal, da turma da sétima-classe, etc. É um ensinamento. Todos sabem algo; todos vêem algo; todos pensam em algo; todos têm sentimentos.

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  10. Bem, prossigamos o diálogo. Mantenho a minha preocupação sobre a espantosa e persistente construção de mansões de luxo que surgem quase como cogumelos em Maputo (nada disso acontece em Beira ou em Nampula, por exemplo). Terão essas construções algo a ver com processos de acumulação locais? Com bancos, com juros? Vamos dialogando. Quanto às comadres, creio que isso é salutar: pelo menos têm o bom sendo de serem comadres. Cá por mim amo ser compadre.Abraço!

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  11. Entao prontos...compadres e comadres, creio que assim cria mais aproximacao. Ta convidado compadre Obed.

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  12. Eu desde já me identifico dizendo que sou extramemente contra este governo, contudo sou contra a atribuição de culpas sem provas para tal, mas não me posso deixar convencer por argumentos contrários a nossa realidade. Vejo muita experiência na área do crédito e habitação por parte do nosso compadre, lindo é de notar que justamente a sua análise de mercado cai quase que uma luva ao artigo sobre a crítica ao crescimento económico da FMI e UNICEF e ao mesmo tempo o crescimento da ma nutricao. Correcção invoco se minha pretensão estiver viciada, mas um dos pontos que foi focado no artigo retrocitado é que moçambique abre mercados e políticas de mercados que o seu povo não é capaz de consumir. Ora tão verdade isto é, que o seu argumento do crédite de habitação somente satisfaz a 18% da população que usa esses créditos para fins das quais sem provas in concreto não pretendo lhes imputar veracidade, mas suspeita. Nisso, não acredito que em vários outros distritos de moçambique, encontramos alguem que usufrua desses créditos. E sendo que o Dr. Carlos Serra falava em automóveis, digo e acredito, o preço desses automóveis na Europa, com os seguros e as importações, meus senhores é muito dinheiro de fonte suspeitosa não duvidosa.

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  13. Caro Obed Khan
     Imagine como seria o mundo se estivéssemos sempre de acordo uns com os outros: um cinzentismo.
     Obrigado pela felicitação, e permita-me estar em desacordo quando á referência a especulação, por uma razão simples: acredite ou não, os meus comentários são sempre sustentados em factos da vida real e gente com nome. Como certamente compreenderá, este espaço não é o mais apropriado para grandes detalhes.
     Entendo encorajador que mentes mais puras, menos tarimbadas nos caminhos da economia real e da vida, tenham alguma relutância em aceitar algumas das enormidades que por vezes são objecto de comentário. É sinal de que temos gente com valores mais nobres, o que nos dá esperança no futuro. Mas não nos iludamos, um futuro mais próspero constrói-se com a identificação e remoção dos obstáculos que encontramos pelo caminho; não basta contorná-los ou, por comodismo, fingir que não existem.
    Florêncio

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  14. Caro Florêncio & Obed Khan

    Estou convosco principalmente no que diz respeito à "recusa da especulação".

    Infelizmente o proponente deste debate, um sociólogo experimentado, leva os incautos para a especulação.

    Os primeiros 3 comentários são sintomáticos. Assinam por baixo da especulação que o autor do texto nos sugere.

    Levam-nos para a ideia de que, se constrois casa ao longo da Marginal ou zonas afins, "não vindo o dinheiro do céu e muito menos da machamba de batatas" é porque ROUBOU algures...

    Este é o debate que o ACADÉMICO Carlos Serra nos sugere. Logo ele que, em minha opinião, tem responsabilidades acrescidas pela sua ossatura intelectual e pela PROFISSÃO nobre que escolheu e abraçou.

    Não é por acaso que o debate de ideias em Moçambique está como está: uma desgraça. Se um professor da categoria do Dr. Serra nos sugere um debate nos termos em que apresenta este... o que é que nós, que deviamos olhar para ele como exemplo iremos fazer?

    Tomara que os estudantes do ilustre Dr. tenham espírito crítico.

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  15. eu já nem falo do dinheiro...se uma daquelas fortes trovoadas de África por ali paira..cadê casario..

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  16. Credo, que cataclismo, estimado leitor que me alerta para os meus descaminhos especulativos!

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  17. Xi xamuáli Carlos desgraça desgraçada mesmo vc parece curandeiro que lança ossos de propósito para pessoa pensar coisas. Então pessoa não pode juntar dinheiro devagar como galinha come farelo pangono pangono para papo ficar governado? Cada um é como cada qual mas todos têm mesmo suor. Problema é que suor tem peso maior ou menor. E tem suor que pessoa ganha na lotaria. Vc sabe que gosto de maçaroca custa recusar.

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  18. Axo que antes de chegar à desgraça do debate devia-se ver a desgraça da vida pois fruta com caruncho sabe mal ehehehe.lol

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  19. Deixemo-nos de fantasias. A grande maioria das mansões a que o Professor se refere, bem como as que crescem como cogumelos lá para os lados do Umbeluzi, Bilene, Ponta do Ouro, e até em Nelspruit (que esteve na moda há uns anos), tresandam a enriquecimento ilícito. É preciso falar destes casos com frontalidade. Estão a meter descaradamente as mãos nos bolsos de todos nós.
    JCC

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  20. Anónimo JCC

    O Senhor é um mago. Sabe que a maioria das manções em construção ou já construidas por estas bandas provêm de enriquecimento ilícito. É uma pena que a sua cidadania seja manifestada no anonimato e não denuncie essas ilicitudes para que pelo menos todos saibamos quem é quem que enriquece(eu) com dinheiros ilícitos.

    É uma pena que não elabore sobre como se consubstancia esse ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. Assaltos ao estilo Chauque e companhia? Descaminho de fundos públicos (mesmo aqui como)?

    Acredito que, conhecedor destas situações, o senhor prestasse um verdadeiro serviço público à nação elucidando-nos e até dando exemplos.

    É grave dizer que a maioria das pessoas que sonham e idealizam uma casa são desonestas. Infelizmente do jeito como o debate foi lançado empurra-nos para isso: especulação. Especulação.

    Não se pense que sou solidário de roubalheiras. Não o sou. Só acho que o país tem problemas graves e temos que analisá-los com responsabilidade.

    Pessoas como o Dr. Carlos Serra tem uma responsabilidade acrescida no que proponho no parágrafo precedente. Suponho que um canal destes, criado por um ILUSTRE sociólogo desta terra, seja para discutir com razoabilidade os problemas que apoquentam os moçambicanos.

    Julgo que é de uma irresponsabilidade gritante vir aqui repitir a superficialidade do senso comum. O tema que ora comentamos poderia ser apropriado pelo Dr. Serra das mamanas do mercado e dos cobradores de chapa (com todo o respeito por esta camada profissional) para problematizá-lo e buscar soluções lógicas e reais que podem ser demonstrados.

    Do que li dos comentários, 70% das pessoas que opinaram, directa ou indirectamente, SUSTENTAM O SENSO COMUM...

    Em minha opinião, num país como o nosso as pessoas que opinam aqui, são INFORMADAS e deviam produzir mais do insistir com superficialidades.

    Mais sintomática é a recusa de discutir a opinião formulada sobre o financiamento bancário e as sugestões subsequentes do Khan e Florêncio.

    Graças a Deus, tenho a consciência tranquila, a minha casota que está sendo construida mesmo para os lados da Costa do Sol (embora afastada da querida Marginal) está sendo construida com financiamento bancário. Devo ser dos poucos honestos que recorrem a essa via para financiar seus sonhos (ou delírios se quiser).

    Devo ser dos muito poucos que contribuem por essa via para os lucros fabulosos dos bancos como alguém já disse aqui.

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  21. Caro Matsinhe,

    Creio que os seus comentarios sao muito validos, mas peca por uma questao: O de partir para ataques pessoais furtando-se ao essencial que era com base na sua experiencia, como o Florencio EDUCADAMENTE fez, contribuir para que se deia um pontape na especulacao e se aceite que neste pais temos cidadaos honestos e que com o seu suor constroem casas, casaroes e casitas. Creio que a sua participacao neste sentido ir-lhe-ia diferenciar daqueles que condena.

    Creio tb que, dentro do seu direito e da sua liberdade, o Prof. Serra colocou uma questao que talvez anda na mente de muitos, e como o Matsinhe bem disse..anda muita gente agarrando-se a Senso Comum, o que as vezes nao reflecte a realidade. Nao concordo com o Prof. Serra numa na ultima pergunta do post (casinos, bombas, casas de cambio..etc.), porque na realidade essa parece insinuar uma resposta antecipada a pergunta que coloca anteriormente.

    Entretanto, creio que como o Matsinhe, existem tantos cidadaos que estao construindo com recurso as financiamentos bancarios ou com poupancas proprias. Mas tambem, o Matsinhe nao vai discordar comigo que existe um outro grupo que comprou ou vem comprando, construindo mansoes com recurso a fundos de proveniencia duvidosa. Qual destes custos representa a maioria,quem sao, de onde vieram, confesso que nao sei.

    E quando falo em proveniencia duvidosa, existem inumeras formas de caracterizar essa proveniencia duvidosa, pois que nao creio que o Matsinhe nao tenha inteligencia suficiente para caracteriza-la.

    Pessoalmente, tenho amigos e familiares a viverem as zonas nobres, se assim posso chamar. Mas se estao la gracas ao ilegal, duvido muito e desafiarei a provar que assim o disser.

    Abracos

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  22. Mozinovador,

    Se discordar de uma abordagem é ataque pessoal, então~, muitas vezes, não tenho como evitar.

    Continuo a pensar, por reconhecer os méritos do Dr. Serra (quem sou eu para desdizer dele), que ele tem MUITA responsabilidade na forma como deve abordar certos assuntos.

    Acredito e continuarei a acreditar que, todos nós, participantes deste forúns, somos pessoas formadas e/ou informadas, temos RESPONSABILIDADE de emitir opiniões um pouco mais esclarecidas que a do senso comum normalmente emitidas pela TIA CELESTE a senhora do mercado a que me referia no meu post anterior (com todo o respeito repito).

    Temos a responsabilidade de, como o fazes Mozinformador, dizer que, COMO EM QUALQUER SOCIEDADE, há muita gente desonesta construindo manções com dinheiro proveniente do tráfico de drogas, da corrupção etc, e que também há muita boa gente que trabalha, poupa ou vai ao banco e este financia a construção das casas dos seus sonhos.

    O que não aceito de nehum formado e informado que venha aqui é o achincalhamento, é a insinuação de desonestidade de um todo que sonha, idealiza e realiza.

    Por isso considero o JJC um mago. Porque sabe que a maioria das manções em construção ou já construidas por estas bandas provêm de enriquecimento ilícito.

    Por isso é que apelo ao Dr. Serra a quem reconheço MUITA COMPETÊNCIA que tenha abordagens diferentes sobre estes fenómenos. A sua estatura o exige.

    Se isso é ataque pessoal. Desculpe, mas este é o meu estilo: DIRECTO. Sem rodeios. De qualquer forma obrigado.

    Vamos continuar a falar. Lets take a step forward do senso comum superficialíssimo que eiva este debate.

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  23. Muitas vezes o que se depreende destes debates que Serra sugere é que, sendo Moçambique um país pobre, todo o moçambicano deveria ser miserável. Assim sendo, todo aquele que tente sair da miséria, todo aquele que decida constituir uma empresa (as insistentes referências à pandora box) é porque roubou.

    É triste que jovens estudiosos do social (porque intuo que grande parte dos que aqui comentam são jovens) se fiquem por este tipo de análises.

    A pobreza de um país, ou mesmo de uma aldeia ou povoaçao, não deveria inibir os mais audazes de quebrar as amarras da miséria. Quem tiver dinheiro que construa mansões. E não se deixe levar pelos apóstolos da pobreza.

    Obed L. Khan

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  24. Com toda razao Matsinhe, criticas e ataques pessoais nao sao a mesma coisa.

    Mas, eu tenho (ingenuamente, diga-mos assim) o habito de assumir que somos todos faliveis. Niguem eh perfeito e nem sempre tudo que dissermos sera o mais correcto ou dele se aproximara. Tambem, tenho em mim que muitas das vezes as nossas opinioes sao baseadas em elementos que possuimos( que podem ser limitados, verdadeiros ou falsos) que conduzem-nos a um certo raciocionio e conclusoes que podem nao condizer com a realidade.

    As informacoes, os conhecimento que o Matsinhe tem em relacao aos mecanismos que as pessoas usam para construir as suas casas no xiquelene ou costa do sol, podem nao ser as mesmas que eu tenha. Dai que, mais do que criticar-mos a desinformacao (por vezes nem sempre voluntaria) devemos eh esclarecer que as "coisas nao sao bem assim" e chamar a atencao de se esta a fazer um erro de analise, mas sempre respeitando as opinioes e limitacoes de outrem. Eh este o meu ponto de vista, e nao que deliberadamente as pessoas procurem falsear a verdade ou semear a "fofoca".

    Agora se me premite, diga-me uma coisa Matsinhe. Na sua experiencia quanto voce acha que se deve ganhar (salario), para poder construir uma casa em condicoes?Eki, o terreno em si ja eh caro (10 000 dolares fora da cidade), os materiais de construcao..etc..etc..sao outras despesas a ter em conta. Os juros bancarios sao comportaveis?

    Abracos,

    mozinovador

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  25. Eu de maneira nenhuma pretendo ser Advogado do Pro. Serra. Sei que ele nao precisa e reconheco-o capacidade e intelectualidade suficiente para que eu me atreva alguma vez a tentar interceder em seu nome.

    Entretanto, nao me posso demitir dos principios mais basicos da civilizacao, boa educacao e permitir que se venha aqui lancar as mais infames acusacoes ao Prof. que de uma forma voluntaria, gratuita e sem interesses extras proporcionou-nos este blogue que nao so eh informativo mas tambem centro de debate de ideias.

    So quem nunca se sentou a volta de gente adulta e civilizada, mas com ideias diametralmente opostas, nao sabe como se contra-argumenta uma determinada opiniao sem passar o limite do respeito. Entretanto, acredito que este nao seja o caso de muitos aqui e que de pondo a mao na consciencia, saberao trazer para aqui as suas virtudes no que concerne as boas maneiras, civismo e respeito.

    Abracos

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  26. Não se preocupem comigo, amo todas estas intervenções, mesmo aquelas mais docemente provocadoras, feitas aqui e em outros sítios. Abraço a todos!

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  27. Hoje em dia homens honestos nao enriquecem esses sao negocios de mafiosos.

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  28.  Após a derrocada dos regimes comunistas – “o capitalismo ficou sozinho em campo, sem concorrência.” (Michel Albert, in Capitalismo contra Capitalismo).
     O grande debate passou a ser sobre as fraquezas e virtudes de dois modelos de capitalismos:
    1º O modelo em construção na Europa, que procura privilegiar o consenso, o longo prazo, onde a segurança social é vista como um factor de estabilidade favorável ao desenvolvimento; onde se acredita que abaixo de um certo limiar de pobreza o excluído dificilmente poderá vir a ser recuperado;
    (2) O modelo Americano, assente no êxito individual e no lucro financeiro a curto prazo, menos preocupado com regimes de segurança social - cada um que trate do seu futuro!
     A plêiade de comentários que este tema suscitou mostra que, também entre nós, afinal, o tema é actual - que capitalismo queremos?
    (i) Dum lado, os que têm preocupações sociais, que gostariam de uma melhor distribuição da riqueza, de um governo menos permissivo, sem contudo deixar de valorizar o sucesso individual, menos tolerantes para com o enriquecimento sem justa causa – preocupados com o combate à pobreza.
    (ii) Doutro lado, os que valorizam fundamentalmente o êxito individual, o lucro financeiro de curto prazo, menos preocupados com o social, mais tolerantes a quem se aproveita das fraquezas do sistema, menos preocupados com os meios para se atingirem os fins – valorizando, essencialmente, a criação de riqueza, individual.
     Duas faces de uma mesma moeda.
    Florêncio.

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  29. Creio que o problema está bem equacionado. É o nosso problema de Janus...Abraço.

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  30. Creio que Florêncio se esqueceu de mencionar os que, em definitivo, não toleram os ricos, prefeririam que todos fossem pobres (talvés com excepção deles próprios)

    Obed L. Khan

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  31. A discussão é boa e boa para seguir.

    O grande problema em Mocambique é a mistura de honestos e desonestos no mesmo saco. O grande problema é por exemplo quando se suspeita delapidacão dum banco estatal, do orcamento do estado numa instituicão pública, extorquias, etc, chegando-se a chamar auditoria externa, nunca se quer apresentar publicamente os resultados. Isto separaria de facto os honestos dos desonestos.

    Se em Mocambique é possível construir uma casa por empréstimo bancário, ainda bem. Isso até é dentro do capitalismo do modelo europeu. Na Suécia, por exemplo, qualquer cidadão compra casa mesmo que na sua conta bancária tenha zero coroas, claro desde que a pessoa preencha as regras do banco, por exemplo, ter emprego. Mas aí as regras são claras e públicas. Será que em Mocambique as regras são claras? Será que em Mocambique um professor ou enfermeiro/médico pode atravez de crédito, construir uma casa digna e do seu sonho?

    Claro, que qualquer banco luta para ter lucros e, por isso faz publicidades por vezes enganadoras/falsas.

    Eu sugereia que não estragassemos este debate e antes aproveitassemos para troca de experiências. Eu tenho gostado da maneira como Eritreia faz, algo que concide com o que o Florêncio esclarece.

    Reflectindo

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  32. Caro Obed Khan,
    > Não considerei os extremos, para falsear o menos possível a análise.
    Um abraço
    Florêncio
    PS - Sou completamente a favor dos EMPREENDEDORES, aqueles que saibem aproveitar as oportunidades na vida, com ou sem estrelinha da sorte, com ou sem um "vôvô" amigo, e, COM JUSTA CAUSA, enriquecem.São exemplos a seguir.Precisamos de muita gente a enriquecer assim.

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  33. Mozinovador, queres construir uma moradia CONDIGNA? O que é para ti uma casa em condições? O seu conceito de casa em CONDIÇÕES será igual ao meu? Será igual ao do Momad Bashir Suleimane ou do Cidadão Candido Cossa (meu vizinho em Manjacaze)?

    Pergunta me se, baseado na minha experiencia quanto acho que se deve ganhar (salario), para poder construir uma casa em condicoes?

    É que, para si, o terreno em si ja é caro (10 000 dolares fora da cidade), os materiais de construcao..etc..etc..sao outras despesas a ter em conta. Os juros bancarios sao comportaveis?

    O que lhe posso dizer é que temos que ser realistas. Não podemos ter pretensões de fazer turismo espacial quando nem conseguimos ir a Bilene de chapa.

    É possível construir a baixo do nível que apresenta... eu estou a construir num terreno devidamente parcelado no Patrice Lomumba etc... etc..., não ganho por aí além (devo estar a ganhar o salário mínimo de um licenciado no sector privado).

    Estou aqui. Podes sempre construir uma habitação condigna de acordo com os seus ganhos. Não podes, meu caro, pensar que uma habitação condigna é apenas aquela que vês pela marginal.

    Há mais do que isso.

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