Outros elos pessoais

21 julho 2007

Erotismo bloguista em Moçambique (2) (continua)

Vamos lá então prosseguir esta cruzada ícara, neste tema tão hot.
Recordam-se de que no número inaugural desta série quixotesca escrevi que procuraria estabelecer uma relação entre (1) as síndromas de Stendhal e de Davi, (2) os estudos psicanalíticos de Freud e (3) as invenções do físico inglês Tim Berners-Lee (browser, links de hipertexto, protocolo de transferência http, URLs com os endereços dos sites e a teia gigantesca que ele baptizou com o nome World Wide Web).
As síndromas de Stendhal e de Davi dizem respeito a um conjunto variado de sintomas (alucinações, taquicardia, cansaço cerebral, dissociações psicóticas, pânico, desejos imediatos, etc., no fundo despoletados aparentemente por transtornos psíquicos latentes) provocados pela visão de obras de arte, por exemplo. É como se certas coisas que vemos se transformassem subitamente de banais em excepcionais e fizessem vir à superfície o que está escondido dentro de nós. Isto conduz-nos a Freud.
Os estudos de Freud mostraram uma coisa da qual sabíamos sem saber e sem enunciar ou com muito medo de enunciar: é que armazenamos dentro de nós muitas ansiedades e muitos desejos que a nossa razão, que o conjunto de normas sociais controlam, escamoteam, amputam, policiam, punem simbolicamente. Uma parte importante dessas ansiedades e desses desejos tem a ver com sexo. Isto pode conduzir-nos à net.
Qual a saudável invenção de Tim Berners-Lee? A saudável invenção de Tim é o caminho que foi dar a caixinhas mágicas de contacto instantâneo como isto, este blogue, que foi dar ao messenger, ao skype, ao e-mail, ao Internet Explorer ou ao Opera, a toda a uma panóplia de coisas fantásticas que permitem coisas, ousadias, realizações, compensações, actos não menos fantásticos.
De que maneira, então, podemos criar uma sequência lógica entre a tríade síndromas/subconsciente/net e o nosso tema tão complexo e delicado?
E de que maneira fazendo isso podemos chegar ao corpo, ao corpo do qual fazemos segregar o erotismo para o dotar de uma vida quase autónoma, ao mesmo tempo distante e próxima, à mão e furtiva, desejada mas silhuetada?

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