

Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
e o presidente esta questionando a verdade. um bom comeco. aqui o presidente interpela se a falta do crescimento é devido a nossa razao de nao deixar exportar madeira em toros? talvez agora professor ja temos mais um aliado "fundamentalista ambiental" do nosso lado. interessante ainda: questiona a legitimidade dos instrumentos analiticos das pessoas que justificam a diminuicao das exportacoes devido a nao exportacao da madeira em toros: os dados estatisticos sao profundos? porque transformar a nossa madeira é perigoso para nossa economia do que exporta-la em toros? qual é o objectivo afinal de exportar a madeira em toros? a exportacao em toros ou a sua transformacao, que resultados queremos atingir?
ResponderEliminarmas do que estas questoes todas, o presidente abre caminhos para uma discussao sobre a percepcao do desenvolvimento, que indicadores economicos e sociais temos para justificar o nosso crescimento? quais os dados negativos e positivos que usamos para monitorar a nossos planos de desenvolvimento?
aqui estamos perante um campo analitico que o presidente lancou. mas do que o discurso de pobreza absoluta, o presidente devia dizer mais essas coisas, porque assim ajuda-nos a pensar de como sair da pobreza.forca presidente.
Sim, finalmente alguém colocou a possibilidade de pensarmos de forma diferente - e foi o próprio presidente. E eu avançarei nessa vereda na série.
ResponderEliminarSim, o posicionamento do PR é importante.
ResponderEliminarMas a tomada de partido do PR não autoriza nenhum dos argumentos. O da existência ou o da não existência do fenómeno desmatamento/desflorestamento. Não autoriza, simplesmente, porque não é da competência do chefe do estado estabelecer a existência de tais fenómenos. As estatísticas não oficiais não adquirem o estatuto de verdade porque o presidente tomou o posicionamento que tomou. Nem as estatísticas oficiais passam a estar correctas ou erradas pelas mesmas razões. Esta-se num campo de luta pela definição de risco ambiental. Essa luta simbólica pela definição do risco ambiental passa pela definição do que é o desmatamento/desflorestamento. Mas esse exercício ainda não foi feito por nenhuma das partes envolvidas. E aqui não importa a perspectiva disciplinar. O tema se polemizou e polarizou. Uns acusam outros de mandatários de sei-lá quem. E os outros usando a caricatura do argumento conspiratório desqualificam o argumento opositor para defender a existência do mal. A mim, como sociólogo, essa luta pela definição do risco ambiental por via das implicações do efeito (probabilístico) do desmatamento/desflorestamento é mais interessante que qualquer tomada de partido. Nessa luta pela definição do risco ambiental é importante olhar-se para as características sociológicas, para as trajectórias e origens sociais dos intervenientes de ambos os lados. Não é qualquer pessoa que corta legal ou ilegalmente, transporta, comercializa e por ai em diante a madeira. Assim como não é qualquer um que decidi iniciar um movimento de protesto contra a degradação ambiental. Todos esses factores são convocados na definição do risco. Historicamente, e no contexto das sociedades ocidentais, os movimentos de defesa do ambiente surgiu de grupos sociais sem preocupações de ordem material (o que comer, onde dormir, etc).Pelo menos, nesses grupos a consciência ambiental era mais acentuada do que naqueles outros com preocupações ambientais. Claro que não se trata de uma teoria geral, mas é preciso considerar. Por exemplo, explorar clandestinamente ou não a madeira pode trazer benesses (materiais e simbólicas) tanto quanto constituir movimentos sociais de defesa do ambiente.
Este é apenas o meu, modesto, posicionamento como sociólogo.
Vamos debater? Vamos! Desde que não me coloquem em nenhum dos lados do debate, emotivo, que tem vindo a ser feito até agora.
" aquele que nao esta em condicoes de suportar a melancolia da insuficiencia de uma ciencia sociologica do homem deve voltar as costas a esta disciplina; pois o dogmatismo sociologico é pior do que a inexistencia da sociologia". Ralf Dahrendorf, Homo sociologicus
ResponderEliminarnao sou sociologo mas esta citacao é bastante forte para minhas conviccoes sobre as ciencias sociais e humanas.
o patricio langa expoe no seu argumento pontos de analise muito interessantes. e como sempre empresta a esfera publica um bom ponto de partida e de analise.
e no seu argumento o patricio leva-me para a definicao do objecto da sociologia. mas por outros argumentos o patricio nega o problema da organizacao social das relacoes entre os homens e o ambiente. o que torna possivel a organizacao social constitui o campo de estudo da sociologia. o meu envolvimento na luta pelas florestas tem haver com o facto social - as florestas estao a ser exploradas desorganizadamente e ilegalmente- e a norma - a floresta é um bem que deve ser protegido, explorado legalmente, tem um valor colectivo de uma sociedade -.
entao existe na minha sociedade pessoas ou instituicoes que estao agir contra a norma da minha sociedade - normas legais e costumeiras.
porque a fala do presidente da republica é de capital interesse para mim? porque o presidente representa a autoridade politica da norma legal e costumeira da sociedade onde vivo.
o patricio escreve que precisa-se definir o que é desmatamento\desflorestamneto. quem define? a sociedade? o sociologo? o governo? quem? o madereiro?. e parece-me que ja temos uma definicao sobre isso. basta ler o relatorios dos varios consultores e instituicoes do estado.
interessante ainda caro sociologo, "A mim, como sociólogo, essa luta pela definição do risco ambiental por via das implicações do efeito (probabilístico) do desmatamento/desflorestamento é mais interessante que qualquer tomada de partido. Nessa luta pela definição do risco ambiental é importante olhar-se para as características sociológicas, para as trajectórias e origens sociais dos intervenientes de ambos os lados" aqui so o sociologo nao precisa de definicoes, o sociologo é unico que pode olhar para as caracteristicas e trajectorias dos intervenientes. e nem toma partido em relacao ao objecto de estudo, a accao social, o sociologo esse vive no jupter e de la com uma sonda estuda as florestas de mocambique.
"Não é qualquer pessoa que corta legal ou ilegalmente, transporta, comercializa e por ai em diante a madeira. Assim como não é qualquer um que decidi iniciar um movimento de protesto contra a degradação ambiental.". se nao é qualquer pessoa, entao quem é? qual é a pessoa que nao é "qualquer"?
"Historicamente, e no contexto das sociedades ocidentais, os movimentos de defesa do ambiente surgiu de grupos sociais sem preocupações de ordem material (o que comer, onde dormir, etc).Pelo menos, nesses grupos a consciência ambiental era mais acentuada do que naqueles outros com preocupações ambientais. Claro que não se trata de uma teoria geral, mas é preciso considerar". entao nao é a consciencia civica, ou a consciencia do risco que leva a pessoas a manifestarem-se, é o material?
"Vamos debater? Vamos! Desde que não me coloquem em nenhum dos lados do debate, emotivo, que tem vindo a ser feito até agora". o sociologo é tao modesto que nao tem emocoes.
a minha intervencao ou posicao sobre a problematica das nossas florestas é sustentada pela formula das tres consciencias - explorado por paulo freire- :
1- a consciencia magica: definada como aquela consciência dos grupos humanos que estão de tal maneira imersos nos acontecimentos do dia-a-dia, que não percebem nem as verdadeiras causas dos acontecimentos, nem o processo a que se chama processo da História
2 - Consciência transitivo-ingenua é a consciencia dos grupos humanos que já conseguem perceber de alguma maneira que os acontecimentos de cada dia nao sao frutos do acaso nem de forças extramundanas. Percebe-se que a história humana e um desenvolvimento contínuo do proprio homem. Entretanto, a visão das causas ainda é insuficiente e, principalmente, ainda nao tem o dinamismo que impele a tentar corrigir as próprias causas dos acontecimentos negativos. As pessoas percebem que a pobreza é fruto de injustiça, mas nao analisam corretamente esta injustica, ou não sabem como lutar contra ela.
3 - Consciencia critica é a consciencia que superou os dois limites: o limite que afoga a consciência na ignorancia e na inércia, o limite da inércia e da impotência perante a realidade humana.
e estou a procura da consciencia critica, ela tambem responde a emocao do ser social que sou: produto do campo psicologico, emotivo e social.
a posicao do presidente como disse ela é de grande importancia porque reforca o campo analitico que precisamos para justificar que a consciencia civica nao é so " produto do bem estar material".
agradeco a tua interpelacao patricio, ajudou-me a clarificar a consciencia critica.
um abraco sem emocoes.