Estamos hoje, no país, numa fase histórica em que é de bom tom esgrimirmos rankings e mostrarmos regozijo desde que possamos subir mais uns degraus, nem que isso implique - como implica - termos de ouvir considerações doutas, de um darwinismo cristalino e sem rebuços, como as feitas pelo Sr. Timothy Born. Ou por Nelson Guilaze, para estarmos mais em casa.
Tenho para mim que o salário se transformou num pequeno pormenor técnico, meramente numérico, fortuitamente dizendo respeito a pessoas concretas com necessidades concretas, pormenor que permite, até, momentos conviviais agradáveis nas discussões tripartidas entre Estado, patronato privado e sindicatos (digam lá: não dá prazer ver a foto da satisfação negocial que exibo, extraída do "Notícias" de hoje?). Mais uns meticais mensais e pronto, lá fica a nossa consciência rankingal pronta para novas caminhadas até que, um dia, com a densidade de espera igual à do Godot de Becket, novo reajuste salarial ocorra, com longas conversações amigas em torno do aumento salarial em alguns por cento monitorados de perto pelo Banco Mundial.
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