
Não me interessam os passageiros cómodos desse comboio.
Também não me interessam todos os passageiros que, em minha opinião, são incómodos nesse comboio.
Apenas me interessa salientar, por agora, quatro dos passageiros incómodos. A saber:
1. Picos de cheia no vale do Zambeze. Milhares de pessoas ficaram em situação dramática. Pode acontecer que esses picos de cheia não tenham sido naturais, mas socialmente provocados na barragem de Cabora-Bassa. O eng.º José Lopes chamou a atenção para isso. Depois, a oposição pediu uma comissão de inquérito na Assembleia da República. Mas como o pedido vinha dela, a bancada da Frelimo chumbou-o com o argumento de que não havia razões para o inquérito (siga as peripécias no portal mais atrás indicado).
3. Saque das florestas. Todos os anos, das mais variadas formas, a nossa imprensa tem dado a conhecer como a corrupção mina os esforços para que haja uma gestão florestal sustentável. Relatórios diversos têm mostrado a mesma coisa, não obstante o grande esforço oficialmente feito tendente a minimizar as denúncias e a mostrar que o nível de abate é muito inferior às metas fixadas pelo Estado. Também aqui nunca houve um inquérito.
4. Linchamentos na periferia da cidade de Maputo. Os linchamentos tiveram o seu início nos anos 90, sofreram um interregno e ressurgiram em 2006. Mais do que uma manifestação de desordem irracional, os linchamentos devem ser encarados com um protesto contra a pobreza multilateral, contra a desordem e contra a ineficiência do Estado ao nível dos tribunais e da polícia. Neste caso - e felizmente -, a Unidade de Diagnóstico Social do Centro de Estudos Africanos estuda o fenómeno.
“Mais do que uma manifestação de desordem irracional, os linchamentos devem ser encarados com um protesto contra a pobreza multilateral, contra a desordem e contra a ineficiência do Estado ao nível dos tribunais e da polícia”.
ResponderEliminarNão seria mais apropriado, e menos normativo, formular em termos de hipótese está – hipótese, passe a redundância? É que, por exemplo, a descrição do último (?) linchamento, ontem, em Kongolote parece ter outros elementos distintos do proposto nesta hipótese. Pode ser que as mesmas pessoas que incitam e perpetuam este tipo de acto criminoso e se escudem por detrás da ideia de cólera colectiva sugerida pela hipótese.
Nenhum destes passageiros, provavelmente saíra do comboio presidencial nas paragens efectuadas pelo PR. Isto porque, existe um passageiro VIP que o PR não sew cansa de evocar que é a pobreza absoluta, portanto, todo o seu discurso esta em volta deste passageiro.
ResponderEliminarMuita pena porque assim o PR recusa-se a olhar para além do seu umbigo e abrir por conseguinte hipoteses amplas.