No Brasil: "Estudo revela como as redes de vizinhança em comunidades estão ligadas a casos de linchamento. A pesquisa mostra que, com a distância entre instituições e cidadãos, o linchamento surge como alternativa contra a ineficiência do Estado." (imagem pertencente ao portal aqui indicado) Mesmo assim, com a ciência, nós, seres humanos, parecemos fadados a esquecer as causas naturais dos fenómenos - longínguas e inacessíveis -, em favor das causas socialmente significativas e que exigem uma intervenção correctiva. Também aqui está o dedo de Girard*.
Não é a ciência com as suas causas naturais que habita os bairros periféricos de Maputo.
Linchar alguém, de forma sistemática, é, evidentemente, bárbaro. A história da humanidade está cheia desse tipo de barbaridade. História que sempre passa ao largo da ciência.
Mas, do ponto de vista científico, o problema está em encontrar a racionalidade da irracionalidade, o problema está em encontrar a chave cognitiva que permite compreender por que e como cidadãos pacatos se transformam de repente em assassinos conjunturalmente organizados em multidões furiosas.
O problema está em compreender a racionalidade da catarse, da busca de purificação que os seres humanos parecem sentir em determinadas alturas, como, aqui, em Maputo.
Temos e temos a tendência - legítima - de considerar o linchamento como uma manifestação de desordem.
Mas bem mais difícil é e será aceitar que o linchamento - em toda a sua desordem - pode ser um protesto extremo contra a desordem, um apelo à ordem em sua forma de protesto contra a desordem, contra um certo tipo de anomia que as pessoas sentem de forma intensa.
Caro Carlos,
ResponderEliminarAqui no Brasil, sempre que ocorre algum crime bárbaro cometido por menores de 18 anos, fala-se em diminuir a maioridade para 16 anos.
Sempre penso na ausência do Estado no que diz respeito a evitar que esses jovens optem pelo crime.
A violência desses jovens, assim como no caso dos linchamentos, é a condenação do Estado ausente, como você bem disse. Também acredito que se trata de uma espécie de pedido de socorro, emitido através de uma linguagem errada.
Abraço,
Leonardo
Obrigado. Estou a tentar trazer aqui alguém que, aí, tenha trabalho em linchamentos. Vamos a ver se consigo. Tentei José de Souza Martins e falhei, acho que o sujeito é um pouco...petulante. Tento agora Jacqueline Sinhoretto. Conhece-a?
ResponderEliminarEm uma rápida pesquisa na internet, encontrei um artigo sobre linchamentos na Bahia. O elo é o seguinte:
ResponderEliminarhttp://www.scielo.br/pdf/pe/v9n2/v9n2a03.pdf
Na bibliografia desse artigo é possível encontra várias indicações sobre o assunto.
No mesmo sítio, encontrei dois trabalhos de Jacqueline Sinhoretto, mas acredito que não tratem especificamente sobre os linchamentos.
Se eu encontrar algo mais, apareço aqui novamente!
Muito, muito obrigado, Leonardo. Entretanto, Jacqueline já respondeu a um email meu e poderá estar aí o início de uma mutualidade científica vantajosa para os nossos países, povos e universidades. Ela virá aqui. Estamos juntos, como aqui dizemos!
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