Num país, o Zimbábuè, onde a taxa de desemprego ronda os 70%, a inflação os 1.700% e onde o presidente Mugabe, com 83 anos, presidente há 27, adiou as eleições de 2008 para 2010 e procura, segundo o seu partido, a Zanu-FP, emendar a constituição para obter mais um mandato, a oposição foi de novo violentamente acusada de ser um mero ariete das forças estrangeiras euro-americanas, depois que a revolta popular eclodiu domingo em Highfields, um grande bairro periférico às portas de Harare, a capital do país do Mwenemutapwa, numa manifestação organizada pelos partidos da oposição, por diversas organizações da sociedade civil e pelas principais igrejas do país.
A teoria é sempre simples e sedutora: se não fosse a conspiração inglesa e de seus aliados, o país não teria oposição contestadora, tudo seria uma harmonia primordial. O inimigo está sempre fora ou, se dentro, ao serviço de quem está fora. Quem protesta não existe, é apenas mera extensão do colonialismo. Claro que, no interior da teoria da mão estrangeira zimbábueana, Morgan Tsvangirai, líder da oposição, é unicamente um espírito moleque de Smith e da rainha inglesa, um eterno Calibão ao serviço de Próspero-Ian-Smith.
Creio que Jerry Fletcher, o táxista interpretado por Mel Gibson no filme "Teoria da Conspiração", mora no Zimbábuè, vivendo cada dia na crença de que o mundo está repleto de conspirações perigosas.
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