Outros elos pessoais

25 março 2007

Estatísticas, fait divers, espectáculo


A tragédia já ocorreu, agora é a altura das estatísticas. Quantos mortos, quantos funerais, quantas brigadas da Frelimo no terreno, quantos kits de comida a distribuir amanhã, quantas crianças desaparecidas. Através da Rádio Moçambique, a directora clínica do Hospital Central de Maputo, por exemplo, afirmou há momentos que agora são 101 mortos. Um funcionário sénior do Estado afirmou que devem estar ainda desaparecidas 200 crianças. Temos, agora, a era do fait divers, do espectáculo, dos números, do amortecimento.

3 comentários:

  1. De facto, a tragédia já aconteceu; desenrolam as suas consequencias, dando vida aos evidentes tráumas das vítimas desse trágico acontecimento. E, afinal, directa ou indirectamente, vítimas somos todos nós, como sujeitos éticos e como seres sociais que somos. Somos vítimas pelo humanismo e espírito de solidariedade que nos sustentam. Mas, sabemos, não somos mais vítimas que os que ficaram sem tecto. Não é maior a dor que sentimos, quando comparada de quem se viu perder o braço, o pai, a mãe, o irmão...
    O meu apelo fundamenta-se numa premissa muito curta: (que)não nos paralise a dor. Apesar da profunda mágoa que nos assola ainda podemos fazer algo...
    Quando cheguei a casa, na Sexta-feira, por volta das 7h da tarde, ainda a tempo de ouvir os últimos estrondos e assistir algumas paredes da minha casa rachando-se, fiquei petrificado ao ver os vidros partidos, alguns móveis quebrados e espalhados. Mas quando decidí sair, buscando notícias dos meus convivas, me apercebí quão grande era a minha sorte.
    Há gente que perdeu tudo. Tudo mesmo.
    Existem, efectivamente, os responsáveis pelas explosões, ainda que não seja do nosso interesse apontar dedos e levantar especulações. No entanto, no momento, o mais importante é cada um de nós se comprometer (nem que seja pra si próprio) a fazer alguma coisa. Um gesto sincero pode representar uma ajuda ímpar e inovadora.
    As explosões partiram do Paiol de Mahlazine mas atingiram pessoas do mundo inteiro.

    Um minuto de silencio para todas as vítimas desse trágico acontecimento.

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  2. Dr.
    Permita-me voltar aos numeros. Nao consigo suportar mais esta afronta.
    O rebentamento foi motivado por incuria, desleixo e sobretudo pela falta de respeito que nos habituamos a assistir representando um acto de assasinio nao premeditado possivelmente, mas criminoso e como tal tem de ser levado aos tribunais. Aquilo que se esta a passar com a manipulacao dos numeros de mortos que se estao a tentar esconder e tao ou mais criminoso e trata-se de uma afronta premeditada, e destinada a ocultar a VERDADE. 100 mortes quer queiramos ou nao e menos grave que 101 e se fizermos contas faceis verificaremos que a realidade estara mais proxima dos 200 ou mesmo 250.
    QUEM E RESPONSAVEL POR MAIS ESTA POUCA VERGONHA A SOMAR AS OUTRAS? NAO SERAO OS MESMOS QUE VERTEM LAGRIMAS PARA AS CAMARAS DE TELEVISAO? SAO. TODOS SABEMOS QUE SAO.

    O MEU POVO NAO PODE CONTINUAR A SER DESRESPEITADO DESTA FORMA POR AQUELES QUE JURARAM FALSO QUE O DEFENDERIAM.

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  3. Num país a sério, onde as leis sãopara serem cumpridas e ninguém esta acima dela, muitos lugares seriam postos a desposição, e outros ainda iriam parar nas barras de tribunais. Não sei se entre nós os laços de familiaridade iriam ser mais fortes que a consciência e a razão. A ver vamos......

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