O "O País" apresenta na sua edição online de hoje a notícia de que um cidadão sul-africano apresentou facturas passadas por funcionários dos Município de Inhambane de compra da parcela 189 na praia do Tofo, parcela que teria sido já anteriormente vendida a uma cidadã moçambicana.
Essa notícia só tem importância para mim se me der à saga de me interrogar sobre o modelo Janus da nossa vida: o modelo formal, o das leis, o das regras; e o modelo informal, o das contra-leis, o das anti-regras, que são, afinal, também elas, leis e regras. Ali oferecemos o discurso público e damos origem a notáveis discursos moralizadores quando existem "desvios"; aqui podemos estar diante de um dos canais mais poderosos de enriquecimento de uma parte das nossas elites.
E até já nem falo dos canais normais de "reequilíbrio" salarial. Pensava, neste caso, nos livros escolares à venda nos dumba-nengues.
E, numa escala mais acrescentada, nem falo nos cabos eléctricos que somem dos camiões pesados estacionados junto ao comando da polícia da cidade de Maputo, como noticiou o "Notícias" da sua edição de 13 deste mês (p.15).
De facto não vou hoje interrogar-me sobre o modelo Janus da nossa vida. Pelo menos hoje.
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