Prometi escrever algo a propósito das críticas aos cientistas sociais interventores, engajados (se calhar estes são adjectivos singularmente irritantes). Vamos lá, então, começar. Por curtas partes. Em jeito de notas, de hipóteses simples.
I
A pré-história do cientista reside no pensador desligado da produção "material" propriamente dita. A sua função não é mais a de assegurar o sustento trabalhando a terra ou exercendo outro mister qualquer. A sua função é a de pensar.
Ele pensa, então, sobre o que outros fazem ou pensam. Mas fá-lo isoladamente, exterior a regras institucionais.
II
A proto-história do cientista pertence às instituições religiosas ou às antecâmaras dos príncipes e dos reis. Aí, o pré-cientista está a meio caminho entre o pensador isolado e o pensador institucionalizado universitário. Escribas, clérigos e mandarins viajam para a história.
III
A história nasce com as universidades, com os espaços institucionais que, pouco a pouco, transformaram o pensamento em actividade regulamentada, não directamente produtiva. A sociedade foi dividida em compartimentos e é nestes compartimentos que produzem e se reproduzem os cientistas sociais.
A sua função é a de pensar de forma sistemática, em grupo, investigando o que os outros seres humanos fazem e pensam. São pagos para isso.
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