Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
24 janeiro 2007
Políticos e politiqueiros no jogo das comadres desavindas
As eleições para as assembleias provinciais aproximam-se, seguir-se-ão depois as autárquicas, as legislativas e as presidenciais.
E como quase sempre tem acontecido, os pequenos partidos sazonais ressurgiram com os seus manifestos exaltantes, o seu alinhamento de posições e as suas cissiparidades.
Após o desaparecimento de Ripua da cena política, definitivamente realinhado pelo partido no poder, está em grande destaque na imprensa governamental o político dos turbantes e das capulanas vistosas, o Sr. Yá-Qub Sibindy (imagem à direita), presidente do PIMO e da mediatizada Fundação contra a Pobreza, potencialmente um pequeno cavalo de Tróia dentro da oposição para fazer o jogo do partido no poder, mas, também, um auto-tratador de imagem indigesto e excessivo que ninguém nos grandes partidos está disposto a aceitar como parceiro.
Enquanto isso, do lado do único partido capaz de fazer frente à Frelimo, a Renamo, aparece em evidência uma Junta Nacional de Salvação da Renamo, que se diz representante de antigos combatentes esquecidos pela elite bem-instalada do partido. Este é um fenómeno que a Frelimo certamente irá explorar nos próximos tempos, pelo menos ao nível da imprensa governamental.
Por outro lado, o presidente do terceiro partido do país (PDD), Raul Domingos, o único político consequente na oposição (imagem à esquerda), faz agora face aos pretendentes a presidente do Centro de Promoção da Democracia Multipartidária, por ele criado, entre os quais o sempre presente Yá-Qub Sibindy do PIMO (dificilmente se pode encontrar neste país uma organização, mesmo se do tamanho de um modesto quintal, que não tenha um presidente ou candidatos à presidência).
Nos poros de tudo isso, nadando com bóias de salvação, estão os outros representantes de pequenos partidos sem expressão votal usando, especialmente, o "Notícias" para falarem de programas de alargamento das bases partidárias, de trabalho político e de congressos que não se realizam por falta de fundos. Aqui, também, a questão central é lutar pela bela sinecura de deputado da Assembleia da República, agora que a barreira dos cinco por cento foi removida. A busca de alinhamento pela Renamo deverá ser o caminho mais fácil de percorrer nos próximos tempos, ainda que eu suspeite que ela está disposta a alijar carga do seu barco, face aos seus muitos aspirantes a deputados.
No que concerne à Frelimo, está no terreno com grande força mediática, sabendo perfeitamente que a Renamo não é um adversário fácil, sejam quais forem as campanhas destinadas a mostrar que ela está enfraquecida e em desagregação e que o seu líder, Sr. Afonso Dhlakama, é um ditador.
7 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Este ano vamos ter muito que comentar, não é Doutor? Há muita eleição. Quanto aos partidos pequenos, entenda-se politico e estruturalmente, que prefiro chamá-los de epifenómenos da nossa democracia, deviam propor ao governo a criação de um instituto, tipo INEFP Instituto Nacional de Emprego e Formação Política. Assim fica tudo resolvido, entregavam os CVs e ficavam à espera dos resultados.
ResponderEliminarBonita fotografia do Sibindy, está todo ele envolto de cores mais conhecidas e mais divulgadas no país.
ResponderEliminarMerece um Prémio Nobel de Política
Gostei do INEFP...Ah sim, vão ser 3 ricos anos de coisas e de comentários. Anos decisivos, creio.
ResponderEliminarA situacao e bem mais complicada. Ha informacoes dando conta de que certos Partidos da Oposicao (conheco-os mas nao os direi)nao teem acesso aos documentos produzidos na Assembleia da Republica bem como noutors sectores do Governo. Quando la vao a resposta do Secretariado tem sido:
ResponderEliminar" Voces sao muitos, vao la ter com a Oposicao Construtiva que ja tem e tirem com eles as copias"
"Especulem"o maximo o significado desta mensagem.
Ah, Egídio, que coisa ao mesmo tempo esdrúxula e simples!!!!! Amei o que escreveu! Tiro no alvo! Viva o construtivismo!
ResponderEliminarDe repente lembrei-me de duas pequenas grandes frases:
ResponderEliminar'Ou estao comigo ou contra mim'
e
'Todos somos iguais, mas uns sao mais iguais que outros'
Granda porcalhada que para aqui anda... e parece que a procissao nunca mais sai do adro.
A ver vamos...
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