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"A onda de manifestações, sustentada em actos de vandalismo, promovida por residentes de alguns bairros da capital do país, alegadamente em protesto contra a não recolha e remoção do lixo, de nada valerá se não houver uma colaboração entre os munícipes e a edilidade no sentido de resolver o problema. Esta posição foi manifestada ontem pelos responsáveis das estruturas do sector no Conselho Municipal da cidade de Maputo, na sequência de mais uma manifestação havida ontem, desta vez ocorrida na Avenida das FPLM, próximo do Hospital Geral de Mavalane."
Esse o cabeçalho de uma trabalho hoje publicado pelo "Notícias". Assinalei a vermelho frases que achei relevantes.
A fazer fé nos porta-vozes do Conselho Municipal (CM) da cidade de Maputo e no próprio "Notícias" (que não apresenta o ponto de vista dos munícipes), estamos perante munícipes arruaceiros, incapazes de comportamento cívico e de diálogo racional. O "alegadamente" do texto do "Notícias" tenta mostrar que os cidadãos podem ter outras intenções e que essas intenções apenas podem ser compreendidas no quadro de um instinto vandálico.
Ao longo de muitos anos e após gestões ruinosas, é visível hoje o esforço que o executivo de Eneas Comiche tem feito para tornar essa cidade mais saudável, respirável e transitável. Um esforço que se tem também pautado pelo diálogo com os cidadãos.
Mas quando pensamos que o Sr. António Máquina, secretário permanente da província de Sofala, comprou uma moradia por 325 mil dólares com dinheiro do Estado, torna-se impossível compreender o argumento de que o município tem parte da frota dos seus carros avariada (e quase sempre assim é). Ou que não tem recursos.
Podemos fazer críticas aos munícipes. E devemos fazê-las. Podemos tentar encontrar alternativas locais como o uso de burros, por exemplo. E devemos tentar. Podemos tentar muitas outras coisas. E devemos tentar.
Mas agora o problema central a ter em conta não é o vandalismo dos cidadãos, mas a incapacidade de solução de problemas (após o pico das festas de fim-de-ano) por parte de um CM inserido numa gestão nacional delapidarora dos recursos nacionais de que o Sr. Máquina é apenas um exemplo e provavelmente dos menores.
O "vandalismo" não é uma manifestação de desordem, mas de protesto conta a lixada desordem do lixo acumulado e da ausência de medidas por parte do CM.
Acresce que várias vezes a nossa imprensa, em particular a televisiva, já deu conta dos avisos feitos pelos munícipes no sentido de que procederiam como estão agora a proceder caso o CM não tomasse providências imediatas para remoção do lixo.
Como sabe que são preguiçosos?
ResponderEliminarQuando eu era crianca havia um livro infantil que falava da problematica do lixo... do lixo que crescia e nunca mais parava de crescer, e que era de extrema preocupacao para os cidadaos da cidade, que tentavam encontrar solucoes.
ResponderEliminarLembro-me pouco das solucoes que encontraram... do que mais me lembro e das ilustracoes de Chichorro na capa do livro e do meu personagem preferido: a dona Cunegundes, gorda com o seu chapeu de frutas verdadeiras, de onde de vez enquando ia tirando um pedacito de fruta e comendo, no seu nervosismo.
Talvez seria tempo de escavarmos os nossos baus e recuperarmos os nossos desejos genuinos de melhorarmos a nossa situacao.
Isto e um problema conjunto do edilio e da populacao... e injusto acusar-se a populacao de vandalismo e arruacerismo... quem vive no lixo e e esta mesma populacao, e obviamente nao gosta. Nao se trata aqui de um papel atirado a rua. Tratam-se larvas, baratas, ratos, mosquitos... estamos ja ao nivel da saude publica. E a populacao PAGA para que haja solucoes.
Quanto ao edilio, ja vimos que nada adianta apenas criticar a negligente impotencia criada por despesismos de outra ordem. E tempo de saltar fora desta apatia e assumir as responsabilidades para as quais esta a ser pago.
Enquanto estivermos aqui nas discussoes o lixo continua a crescer e a crescer e a crescer...
Gostei francamente do que escreveu, la strega. Infelizmente é prática neste país colocar-se logo o apodo de vandalismo nas chamadas "populações" em casos desta natureza.
ResponderEliminarPaulo Freire tem no seu "pedagogia do oprimido" muitas frases parecidas com esta, que cito: "Como poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência?"
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