Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
01 outubro 2006
Lisboa
9 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Nietszche?
ResponderEliminarNão, Heráclito na savana.
ResponderEliminarBoa tarde professor. Noto que há muitas formas de ver Lisboa. Há quem veja a dos subúrbios e periférica. A dos automatismos dormitório-escritório-dormitório, dos gestos de levantar, das longas horas de auto-carro (machimombo), automóvel ou cacilheiro. Do trânsito, do cansaço e do sono. Da rotina segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira no mesmo ritmo... E há a Lisboa dos bairros históricos, das escadarias nas colinas. A mouraria claro, a Graça, Alfama. O Bairro Alto, único pelo ambiente jovem, liberal e «alternativo». O Intendente. A Lisboa multicultural, atlântica, virada para o Mundo. Gentes e condimentos de África, da América do Sul e da Ásia. Como dizem amigos meus estrangeiros: "There is something about Lisbon". Uma das descrições mais deliciosas que ouvi de Lisboa foi no filme Preto e Branco, de José Carlos Oliveira, que retrata a guerra pela libertação de Moçambique. No filme, um comando português (nascido em Moçambique, filho de um mashambeiro com dificuldades financeiras, pouco instruido e que nunca tinha ido a Portugal) captura um soldado moçambicano (culto, que havia cursado engenharia em Lisboa). Durante o longo percurso até ao aquartelamento mais próximo, os dois acabam por se conhecer melhor. Numa noite na savana, antes de dormirem, com um brilho nos olhos, o africano explicava ao português a beleza da cidade de Lisboa: as avenidas grandes, a ponte sobre o Tejo a perder de vista, o Cristo-Rei ao longe, o som dos cacilheiros, os eléctricos a subir as colinas... Achei a situação engraçada. Um abraço, João
ResponderEliminarJá agora aproveito para esclarecer aqui uma dúvida. Tenho visto que nos estudos africanos se utilizam, com frequência, os termos weberianos "patrimonial" ou "patrimonialsimo" na análise da formação dos Estados pós-coloniais. Pelo que julgo saber e pelo que tenho consultado na internet, de acordo com Weber, na dominação tradicional a legitimidade dos líderes advém da crença na santidade das tradições vigentes. Com o desenvolvimento de um quadro administrativo (e militar) puramente pessoal do senhor, toda a dominação tradicional tende para o "patrimonialismo". Este fenómeno político ocorre quando o Estado – na qualidade de património público – é transformado em património privado, sob a égide das classes ou dos grupos dominantes. O professor sabe-me dizer em que obra de Weber esta questão é analisada? Um abraço, João
ResponderEliminarOk, logo que tiver uma aberta, mesmo esta noite se possivel.
ResponderEliminarCaro João: olhe, eu tenho a edição francesa de "Economia e sociedade", 2 volumes. Sugiro que leia o capítulo III do "Économie et Société", vol. 1 (Paris: Plon/Agora, 1995), com o título "les types de domination", a partir da p.285. Explore bem isso, veja a p. 304, depois procure no capítulo (mas não só)explicitações para "patrimonialismo" e "Estados patrimoniais". Não perca tb o vol. 2. Veja, tb de Weber, o "Metodologia das Ciências Sociais", 2 volumes, da Cortez Editora, 3ª ed, 1999. Isto é o que pude rapidamente conseguir. Leia bem tb, claro, o falecido Jean-François Médard. Um abraço. Já agora...Diga-me uma coisa e perdoe a minha igmorância: está errado eu usar o termo Mouraria? Ou deveria, antes, escrever Bairro Alto?
ResponderEliminarMuito obrigado pela atenção! Ser-me-á com certeza muito útil. Em relação a Lisboa não sou um grande conhecedor. Quem estiver no Rossio e virar à direita (para leste) e subir a colina a caminho do castelo, passa pela mouraria ou por Alfama. Quem do Rossio subir para oeste passa pelo Chiado ou pelo Bairro Alto (utilizar o elevador da Glória é uma alternativa agradável e menos cansativa). Desde os anos 80, o Bairro Alto tornou-se famoso pela vida nocturna, pelos bares, discotecas, casas de fado e, mais recentemente, pelas lojas de piercings, tatuagens... Um bairro que se rejuvenesceu. Julgo que a Mouraria tem esse nome por aí terem sido confinados os muçulmanos no século XII. Parece-me que hoje é uma zona muito frequentada por emigrantes africanos. Um bairro interessante. Lembrei-me entretanto de uma descrição de Álvaro de Campos sobre Lisboa que partilho aqui: "Lisboa pertence àquele género de português que ficou sem emprego e, assim, após uma vida de aventura, entre naufrágios e conquistas, que duravam dois séculos, recolheu timidamente a casa a fazer meia e a cantarolar o fado". Um abraço, João
ResponderEliminarMuito obrigado,outro abraço!
ResponderEliminarPrezado Carlos,
ResponderEliminarEncontrei seu blog através do comentário do Feijó. Parabenizo pelo conteúdo. Sou socióloga na Amazônia e mantenho um blog com crônicas sobre o cotidiano. Também é um diário. Convido-o a visitá-lo. Abraço,
www.diariodeumamulherdespeitada.wordpress.com