Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
10 agosto 2006
Coca-colaização de Moçambique
Atento espectador da vida intensa que enche as nossas estradas, reparei que por todo o lado, mesmo e talvez sobretudo nos mais mais modestos lugarejos, estava estampado o símbolo da Coca-Cola.
É simplesmente fascinante esta coca-colaização da moçambicanidade.
Quanto mais nos coca-colaizamos, mais nos periferizamos nas nossas othekas, nos nossos xicajus, etc. (é irrelevante aqui estas serem bebidas alcoólicas). Claro que continuamos a othekanizar-nos, a xicajustarmo-nos: mas definitivamente reenviados para o localismo das sombras.
Este é o preço que pagamos pela mundialização.
Porque a coca-cola não é, apenas, uma bebida. Ela é o símbolo de um processo imperial, uma busca de homogeneidade cultural, um esforço global para erosar os localismos.
Seria muito interesante assistir um dia em algum dos muitos workshops desta terra, a uma revolução epistemológica que pusesse em agenda a discussão da globalização dos nossos localismos.
Podíamos começar pela África Austral, disputando à África do Sul a hegemonia que exerce nesta África.
Essa seria uma maneira elegante de ultrapassarmos a fronteira das nossas modestas ambições quintaleiras.
2 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
O Supremo Castigo
ResponderEliminarEm todos os aeródromos,
em todos os estágios,
no ponto principal de todas as metrópoles, existe
- e quem é que não viu? -
aquele cartaz...
De modo que,
se esta civilização desaparecer
e seus dispersos e bárbaros sobreviventes
tiverem de recomeçar tudo desde o princípio
- até que um dia também tenham os seus próprios arqueólogos
- estes hão de sempre encontrar,
nos mais diversos pontos do mundo inteiro,
aquela mesma palavra.
E pensarão eles que coca-cola era o nome do nosso Deus.
Mário Quintana
Resaly
Obrigado pelo belo poema de Quintana, resaly.
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