Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
18 julho 2006
O dogma da imaculada percepção
Na verdade, quantas vezes não tomamos o social pelo sociológico, esquecendo-nos, primeiro, de que o cidadão tem de se reconstruir enquanto sociólogo e, segundo, que todos aqueles que estudamos, ouvimos, etc., têm de ser, eles também, reconstruídos, reconstituídos enquanto fenómeno?
Mas quase sempre tomamos o que sentimos como o real que torna desnecessária a construção teórica, tomamos o evidente pelo científico, tomando os objectos sociais pelos objectos sociológicos.
Demitimo-nos da sociologia para sermos como o bom Sr. Joaquim-de-sempre cuja filosofia é sempre perversamente elegante: “As coisas são como são e prontos”.
E é nesse caldo bento e saboroso que nos comprazemos quer com as nossas doutas perguntas, quer com as não menos doutas respostas dos nossos objectos de estudo. Perguntas assim, por exemplo: “O senhor tem tido muito trabalho?”, “Não acha que o país se tem desenvolvido nos últimos 30 anos?”, “Não devemos nós todos trabalhar para o bem-comum?”
Tentai imaginar as respostas ao sabor quer da forma como já conhecemos as respostas, quer da forma como os outros já sabem que nós sabíamos que eles sabiam o que queríamos que eles e nós soubéssemos neste sempre-sabemos sem nada sabermos.
Para quê fazer golpes de estado sociológicos se tudo é assim e “prontos”(como é maravilhosa esta nossa popular capacidade de pluralizar o já pronto!)?
1 comentário:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Mas então como devemos fazer para sabermos que estamos a proceder correctamente quando fazemos perguntas às pessoas?
ResponderEliminarUm estudante