Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
09 maio 2006
Sobre racismo
6 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Totalmente de acordo!
ResponderEliminarJonas
Acho preocupante o racismo institucionalizado (não sei se este seria o termo certo); o que transcende e antecede o “meu” e o “seu” racismo; racismo através do qual a “sociedade” chega a formar o seu auto-retrato, transformando-o, inclusive, em instrumento de controle social. A situação vivida por um amigo num bairro e prédio de classe média brasileira, parece emblemática:
ResponderEliminar- Hei, você aí! Aonde você vai?
- Eu? Eu morro aqui!!!
- Você não mora aqui... e essa chave? Você só pode ter roubado...
Houve pequeno tumulto, mas tudo se resolveu. Soube-se depois, pelo síndico do prédio, que o individuo que fez a interpelação nem morava lá. Isso é que parece interessante: embora de lá não fosse morador, não se furtou a prestar aquilo que para ele seria uma espécie de dever patriótico cuidar do que é, ainda para ele, dos seus iguais, valendo-se, para a sua tomada de decisão, da cor da pele e do significado a ela atribuído. Ou seja, mais uma vez, o corpo foi o principal elemento de “objectivação e julgamento”, como diria Milton Santos.
Enfim, o que parece haver é que cada manifestação particular desse tipo de atitude reproduz aquilo que já foi produzido ou pelo menos elaborado em conjunto (e que é representado pela “geopolítica” dos bairros) e que institui uma cultura de subversão da lógica, isto é, chaves roubadas até prova em contrário, etc. Nesse caso, a desonestidade presumida leva a “ataques preventivos” que, por sua vez, geram um mal estar por parte do atacado; situação que, por sua vez e com o tempo, gera uma série de comportamentos, cada um deles reflexo do conservado e manifestado pela outra parte e assim sucessivamente, institucionalizando o racismo que influenciará, em maior ou menor grau, o “meu/seu” racismo.
O Mangue coloca questões cruciais. O desconhecido rapidamente racializado por quem interpelou o seu amigo possui toda uma base primária das relações Nós/Eles. Entretanto, sugiro-lhe que leia as páginas capitais dedicadas ao racismo por Marx Weber e Roger Bastide (este último com base na experiência brasileira, que ele aprendeu, durante anos, a conhecer). Abraço sociológico!
ResponderEliminarMangue, mais uma coisa: deverei regressar neste diário ao tema do racismo, mas ainda não sei quando.Há uma entrada minha sobre isso, relativamente extensa, mais abaixo.
ResponderEliminarMangue: afinal hoje mesmo decidi regressar ao racismo...
ResponderEliminarPor acaso o Batisde já o tinha lido em religiões. Obrigado pelas sugestões.
ResponderEliminarObrigado pelo toque, irei lá ver. Abraços