"O grande actor político comanda o real pelo imaginário", assim escreveu um dia Georges Balandier . Comandar o real pelo imaginário e fazer levedar o real com o símbolo e a utopia, tentar persuadir as pessoas de que é possível ser-se outramente ou de que é possível ver-se outramente, enfim produzir a imagem, a crença, a vertigem da "instituição imaginária da sociedade" (expressão de Cornelius Castoriadis), bem como os reflexos adequados - tal é o objectivo central do conjunto de técnicas da propaganda eleitoral. A propaganda eleitoral visa seduzir e dirigir a opinião pública. O seu fundamento não é o real, mas a imagem que as pessoas constroem desse real.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
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31 maio 2019
30 maio 2019
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [127]
-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Prossigo a história do rumor do ferro de engomar, dos assaltos levados a cabo em 2013 por supostos engomadores.
No seu sentido médico original, a crise é uma perturbação que permite um diagnóstico. Transposto para o mundo social, o conceito tem dois níveis:
1.Revelador significante de realidades latentes ou subterrâneas;
2.Revelador significante de conflito.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.
29 maio 2019
Desemprego afectivo
O que significa desemprego afectivo? Significa que muitas pessoas perderam o lugar e a segurança no amor, no respeito e na disponibilidade para compreensão e ajuda.
28 maio 2019
Adversários tornados "aliados"
Parece ser uma regra a de que os partidos precisam de lutar para sobreviverem politicamente. E lutando, temos o paradoxo de vermos adversários tornados “aliados”.
27 maio 2019
Uma crónica semanal
"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1324 de 24/05/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
26 maio 2019
Desafio
Aprendemos desde pequenos a organizar a sociedade em círculos concêntricos de coisas e pessoas - espécie primária de gavetas cognitivas orientadoras - que decrescem de importância, esbatem-se e tornam-se incompreensíveis e sem importância à medida que saímos dos nossos pequenos grupos de referência (família, grupo laboral, grupo da igreja, grupo de vizinhos, etc.). Produzir a sociedade enquanto sistema, conflito e sentido para além e a partir dos pequenos círculos cognitivos domesticados do nosso dia-a-dia é, sem dúvida, um desafio enorme.
25 maio 2019
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1324, de 24/05/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.
24 maio 2019
Mesmo quando se isola
No há homens e mulheres em si, há homens e mulheres socialmente construídos e reproduzidos. Ninguém habita fora do social, mesmo quando se isola.
23 maio 2019
Nada é mais ingénuo
Nada é mais ingénuo do que supor que cada um de nós, com sua vontade, com o seu querer, de per si, é livre de mudar as relações sociais ou de as pôr ao seu serviço pela varinha mágica da vontade; do que supor que é com o esforço individualmente considerado que a vida muda em sua complexa teia relacional de recursos e de oportunidades desiguais. Semelhante tipo de suposições radica na crença de que o social é uma mera adição de indivíduos, uns melhores e outros piores, uns capazes e outros incapazes, uns regidos por Deus e outros, pelo Diabo.
22 maio 2019
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [126]
-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Prossigo a história do rumor do ferro de engomar, dos assaltos levados a cabo em 2013 por supostos engomadores.
O eclipse correspondia à percepção popular de haver uma crise. O ferro de engomar era a expressão, o símbolo da crise, a tradução fiel e dolorosa do assalto, do roubo, da violação, da punição absoluta, do agravamento insuportável das já precárias condições de vida.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.
21 maio 2019
Interacção
Relações, regras e história moldam-nos, independentemente dos nossos desejos e dos nossos eus, relações que favorecem uns e desfavorecem outros. O fundamental a reter não é a concepção do social como adição de pessoas, mas como interacção de grupos, poderes e recursos de poder desigualmente distribuídos.
20 maio 2019
Uma crónica semanal
"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1323 de 17/05/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
19 maio 2019
Sem dúvida, mas...
Sem dúvida que podemos pensar sermos livres de pensar livremente, mas não somos livres de agir livremente fora da história. Para usar uma imagem extrema: só nos podemos isolar em sociedade, no banho da história.
18 maio 2019
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1323, de 17/05/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.
17 maio 2019
Jovens há
Com uma faca ou com uma arma de fogo, jovens há que se convencem de poder jogar o papel de heróis, determinando com crueldade - e quantas vezes com letalidade - o destino de pessoas, grupos e países.
16 maio 2019
Produção simbólica de poder político
Cerimónias propiciatórias oficiadas pelos curandeiros em memória dos espíritos, coros de pendor religioso e espectáculos musicais são alguns dos ingredientes usados na produção simbólica e massiva de poder político em dias de festa.
15 maio 2019
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [125]
-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Prossigo a história do rumor do ferro de engomar, dos assaltos levados a cabo em 2013 por supostos engomadores.
A criminalidade era, apenas, um dos lados do problema. O problema era, na verdade, poliédrico, incluia, ainda, ausência de água potável, de energia eléctrica, de postos policiais e de centros de saúde, pessoas vivendo em habitações precárias, défice alimentar para famílias numerosas e incerteza quanto ao futuro.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.
14 maio 2019
Produtores "naturais" de heróis
Somos produtores “naturais” de heróis, de hiper-eus nas diversas socializações pelas quais atravessamos a vida e a história. Os mais pequenos agrupamentos dispõem de heróis, de guias, de modelos de conduta. Os heróis tanto podem habitar um lar, um grupo de famílias, uma rua, quanto uma prisão ou as matas da guerrilha, tanto podem estar mortos quanto vivos e, estando mortos, estarem vivos na memória e na invocação cultual.
13 maio 2019
Uma coluna semanal
"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1322 de 10/05/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
12 maio 2019
11 maio 2019
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1322, de 10/05/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.
10 maio 2019
Gestão político-cerimonial
A gestão político-cerimonial está intimamente associada a um certo tipo de relato jornalístico que acentua a presença de multidões felizes e faz passar a ideia forte de que o líder é amado por muitas pessoas. Capacidade de juntar muitas pessoas é vista como produto de legitimidade política.
09 maio 2019
Quanto mais gente
Quanto mais gente estiver presente no comício mais o líder se convence de que tem a seus pés a nação inteira em formato concentrado.
08 maio 2019
Indivíduo
O indivíduo será sempre o eixo fundamental e, frequentemente, único, de um certo tipo de análise psicológica. Preocupa-a mais o indivíduo em si do que o tipo de sociedade que o habita e o rege em permanência.
07 maio 2019
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [124]
-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Prossigo a história do rumor do ferro de engomar, dos assaltos levados a cabo em 2013 por supostos engomadores.
O ferro de engomar é o símbolo da crença comunitária num generalizado eclipse do social e do cultural, da crença de que tudo se tornou insustentável e indiferenciador na sociedade, da convicção de que as instituições formais enfraqueceram, de que a vida tomou o rumo do caos absoluto.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.
06 maio 2019
Uma coluna semanal
"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1321 de 03/05/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
05 maio 2019
Conhecimento
O conhecimento é a busca incessante de certezas socialmente úteis. Para dizer as coisas em modo de paradoxo: certezas mais socialmente úteis do que logicamente certas.
04 maio 2019
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1321, de 03/05/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.
03 maio 2019
Em segundos
Hoje, em segundos, do celular à televisão passando pelo computador, sabemos o que se passa no mundo dos riscos crescentes de todos os tipos, da violência, da precariedade e da exclusão sociais, dos atentados a trouxe-mouxe, das guerras a esmo, das carnificinas em cafés e escolas, da morte banalizada, dos medos que se espalham como que liquidamente, dos símbolos trágicos das rixas e das batalhas.
02 maio 2019
Resta saber
Resta saber como introduzir a razão nos instintos e evitar as múltiplas facas da vida. Talvez aqui residam, desde sempre na história da humanidade, o centro e a aposta de todos os círculos sociais que procuram a paz.
01 maio 2019
Um cenário entre outros
Vivemos, a nível mundial, um período de transição, entalados neste presente entre um passado que continua a ser o nosso guia cognitivo e um futuro que julgamos distante mas que já actua em nós. Neste mundo anfibológico, estamos ainda reféns das categorias analíticas de ontem e por isso não vemos os indícios do futuro. Mundo que se torna mais agreste, mais rapidamente propenso à turbulência social com a velocidade das novas técnicas de comunicação. À medida que o futuro se tornar pouco a pouco visível, a militarização dos países e das mentes gerará intranquilidade, medo e desespero. Procurar abrigo e paz algures poderá tornar-se uma regra no planeta. Esse é apenas um cenário. Há muitos outros a ter em conta.