Sétimo número da série. Finalizo - sempre trabalhando com hipóteses - o segundo ponto do sumário proposto aqui, a saber: A guerrilha militar. Escrevi no número anterior que o primeiro elemento da Renamo é constituído pelos militantes de baixo escalão e parte dos frequentadores dos comícios do partido; que o segundo elemento é formado pela chefia da ala militar sob comando de Afonso Dhlakama; finalmente, que o terceiro elemento é constituído pelos responsáveis políticos provinciais e, especialmente, pelos deputados da Assembleia da República de maior escalão. Por outras palavras: o primeiro elemento é a base de apoio, o segundo dirige e ordena e o terceiro faz o papel de ponte enquanto ala civil, urbana e intelectual. O exército privado da Renamo continua hoje ainda activo, dirigido pelo segundo elemento do partido, o núcleo militar. A recente confissão atribuída a um dos seus guerrilheiros de que 50 homens tinham sido treinados no Quénia [lembre aqui] mostra que esse exército privado não é apenas o descendente da guerrilha pré-1992, é também, potencialmente, um exército renovado com membros, armas e munições, mantendo intacto o cerne da sua actuação, como os mais recentes ataques mostram, a saber: causar o maior dano possível em pessoas e bens nas emboscadas e atemorizar, directa ou indirectamente, comunidades aldeãs. Adaptando Clausewitz: a guerrilha é a maneira principal e definitiva de a Renamo fazer política [recorde aqui]. E é fazendo uma vez mais a guerrilha que Afonso Dhlakama e os seus lugares-tenentes desejam rapidamente ganhar pontos tácticos na estratégia de forçar o Estado a um acordo político - com eco e pressão internacional - que lhes permita a gestão provincial de recursos de poder e prestígio que tanto desejam, mesmo se - et pour cause - mandando às urtigas a Constituição. No próximo número entro no ponto três do sumário, a saber: guerrilha diplomática.
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