Outros elos pessoais

13 setembro 2015

Prismas a propósito de um afirmado ataque

O "SapoNotícias" reportou que homens da Unidade de Intervenção Rápida governamental atacaram ontem a comitiva do presidente da Renamo. Aqui.
Citado pela "Folha de Maputo", o Sr. Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, disse que se tratou de uma emboscada planificada pela Frelimo. Aqui.
Na versão do "MozMassoko", a FIR quis assassinar Dhlakama. Aqui.
O "Correio da Manhã" reportou que a polícia moçambicana negou ter efectuado o ataque. Aqui.
Observação: tento imaginar o que significa uma coluna de viaturas com homens armados pertencentes a um exército privado a circular livremente nas estradas do país.
Adenda às 19:09: como disse há anos atrás um famoso humorista do país, "a vida é muito complicada". É mesmo, tendo em conta a mais recente e rocambolesca notícia da "Folha de Maputo", aqui:
Adenda 2 às 19:13: estudem os jornais e as agências noticiosas digitais do frufru e os blogues do habitual copia/cola/mexerica para se aperceberem de quanto os seus autores amam a tragédia digital.
Adenda 3 às 20:08: tudo leva a crer que a história do afirmado ataque começou numa notícia da agência noticiosa "Lusa". Porém, é sensato admitir que nem todos são capazes de ouvir o estrondo de um pneu a rebentar. Finalmente: resta saber se o pneu rebentou mesmo.
Adenda 4 às 20:58: o estrondo do pneu parece não ter sido ouvido aqui.
Adenda 5 às 07:14 de 14/09/2015: agora, a vez da "Rádio Moçambique", aqui.
Adenda 6 às 03:52 de 15/09/2015: segundo o porta-voz do Partido Frelimo, Dhlakama simulou o ataque, confira aqui.
Adenda 7 às 19:29 de 25/09/2015: leia este depoimento no "Confidencial", aqui.

4 comentários:

  1. Há moçambicanos que não estão contentes com todos esses "generais" de cinco e mais estrelas que cozinham as suas pequenas guerras, sem se preocuparem com as vitimas.

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  2. O problema é quando tudo se resume a um pneu que rebenta...

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  3. Sem querer contestar a versao do pneu, que se confirma, pois o rescaldo fala de tres viaturas atingidas, sendo que uma ficou imobilizada com os pneus furados, penso que se escalou um pouco mais o jogo perigoso que e a actual negociacao politica em Mocambique.
    Por um lado, a RENAMO usa a sua experiencia militar para promover uma guerra psicologica eficiente contra a FRELIMO, enquanto a sua ala civil vai aprimorando a luta politica. E do outro lado, a FRELIMO usa os meios do Estado para sustentar a sua vasta rede de informacoes, infiltracoes, "trolls" no facebook e outros agentes provocadores de ar mais respeitavel, tentando confinar a RENAMO no rotulo que mais lhe convem: um partido acefalo, dirigido por um louco desesperado e quase sem nenhum reconhecimento ou apoio politico a nivel internacional, enquanto vai tentando retirar a iniciativa politica nacional que tem sido candenciada pela RENAMO desde 2013, desenhando um modelo auto-sustentavel de "acumulacao primitiva do capital", que passe eventualmente por alguma descentralizacao com tutela bitolada por Maputo. Este tambem e o desejo de todos doadores do Clube de Paris, que nao querem ver o seu dinheiro a ser evaporado por uma miriade de "aspiradores portateis" do OGE. Antes o "tornado" central, dizem, por todos sabem onde comeca e onde acaba.

    No fundo, todos os mocambicanos se deveriam interrogar se, para alem destes actores acima, nao ha por ai outras agendas geopoliticas mais maconicas, com pesos e medidas no gas e petroleo de xisto, aquem interessa manter Mocambique num permanente lugar na cauda dos paises subdesenvolvidos que dorme em cima de riquezas a marinar rovumescas e outras bacias.

    Uma longa historia afinal. Ainda ha bocado lia um livro escrito Hanlon (Beggar Your Neighbours: Apartheid Power in Southern Africa) onde ele descrevia metodicamente todas nuances que tornaram as sancoes contra a RSA numa faca de dois gumes para os chamados paises da Linha da Frente. A construcao do poder economico Afrikaans por via do Partido Nacional. O papel nevralgico do aparato securitario na viabilizacao do modelo, etc.

    Olhando hoje, 20 anos depois, para os casos de Angola, Zimbabwe e agora Mocambique, apetece-me perguntar:

    - Onde e que ja vimos isto antes?

    Nada morre. Tudo se transforma.

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  4. O Ricardo escreveu: "...Ainda ha bocado lia um livro escrito por Hanlon (Beggar Your Neighbours: Apartheid Power in Southern Africa)..."

    Um muito especial obrigado para o Ricardo e para o "Diario de um sociologo" por essa preciosa dica de leitura para ajudar a conhecer mais e melhor Moçambique.

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