Quando grupos sociais disputam politicamente recursos de poder e prestígio, é de regra sobrevalorizarem os seus feitos e transformarem a história numa passarela das suas vitórias, reais ou imaginadas. Não interessa se o que dizem é ou não verdade, o que interessa é que a sobrevalorização robusteça a identidade e a unidade internas e permita segregar em permanência a repulsa pelo adversário. É neste sentido que a história particular dos grupos é defendida como história de todos, como história universal.
Adenda: "Os grupos (em particular as classes sociais) são sempre, em parte, artefactos: são o produto de uma lógica de representação que permite a um indivíduo biológico, ou a um pequeno número de indivíduos biológicos, secretário-geral ou comité central, papa e bispos, etc., falar em nome de todo um grupo, de fazer falar e marchar o grupo "como um só homem", de fazer crer - e em primeiro lugar ao grupo que representam - que o grupo existe. (...) A lógica da política é a da magia ou, se se preferir, do feiticismo." - Pierre Bourdieu, Desnudar os pilares do poder, entrevista com Didier Éribon, Libération, 19 octobre 1982 [tradução minha, CS].
Adenda: "Os grupos (em particular as classes sociais) são sempre, em parte, artefactos: são o produto de uma lógica de representação que permite a um indivíduo biológico, ou a um pequeno número de indivíduos biológicos, secretário-geral ou comité central, papa e bispos, etc., falar em nome de todo um grupo, de fazer falar e marchar o grupo "como um só homem", de fazer crer - e em primeiro lugar ao grupo que representam - que o grupo existe. (...) A lógica da política é a da magia ou, se se preferir, do feiticismo." - Pierre Bourdieu, Desnudar os pilares do poder, entrevista com Didier Éribon, Libération, 19 octobre 1982 [tradução minha, CS].
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