Os centros de pesquisa das metrópoles, antigas e modernas, têm um privilégio: não estudam apenas os seus países, estudam também - e por vezes principalmente - as colónias antigas e modernas. Esses centros de pesquisa, que tantas vezes surgem com um verniz progressista e desinteressado - o que não significa, porém, questionar a honestidade de muitos cientistas -, são, não poucas vezes, habitados por uma alma imperial, declarada ou disfarçada, consciente ou inconsciente. Nos países subalternos, vassalizados em permanência, os centros de pesquisa revestem uma função eminentemente paroquial, caseira: estudam quase exclusivamente o local, a fenomenalidade interna, as coisas da terra. Muito dificilmente há neles departamentos de estudos sobre as lógicas de dominação das metrópoles antigas e modernas - não importam a antiguidade e o hemisfério - , muito raramente as teses de mestrado e de doutoramento das gentes periféricas versam sobre o vasto mundo para além das fronteiras da paróquia, muito raramente abordam a coluna vertebral das metrópoles decisórias e das suas secretas, múltiplas e versáteis chancelarias. Teses cujos conteúdos localistas - em particular quando de conteúdo político - fazem, porém, a alegria e a eficácia recorrente na influência dos centros decisórios metropolitanos. Então, o que muitas vezes surge como produto meramente científico pode ser aproveitado como produto político de vassalização - mental e financeira - pelos referidos centros decisórios. Pode ser e é decididamente aproveitado.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.