Outros elos pessoais

19 abril 2015

Entre analisar e moralizar

Quando um médico manda fazer um raio x a um paciente que tem um problema num determinado órgão interno, não tem por preocupação saber se esse órgão é bom ou mau, feio ou bonito, mas saber o que o afecta para, depois, iniciar a terapia.
A função dos estudantes do social é um pouco como a dos médicos: consiste em analisar fenómenos, vasculhar as suas cavidades, encontrar causas e consequências, podendo acontecer que os decisores (que não são eles) tomem medidas na sequência dos resultados obtidos. Portanto, a sua função não consiste em saber se os fenómenos são bons ou mais, feios ou bonitos.
Estudantes do social são obviamente cidadãos e cidadãos são regidos por princípios e regras morais, diferentes que uns e outras sejam. Mas quando estudam fenómenos sociais fazem-no (ou devem fazê-lo) como estudantes e não como cidadãos. Nenhuma ciência é possível quando se confunde estudo e moral e se pede àquele que seja esta. Ou vice-versa. O ser não é o dever ser, o juízo de facto não é (ou não deve ser) o juízo de valor. Analisar não significa estar de acordo ou em desacordo com o que quer que seja.
Este é, hoje ainda, um dos maiores desafios da história científica da humanidade.

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